sexta-feira, 30 de maio de 2008

A importância da cultura no processo de construção da identidade da criança de ensino fundamental

Este artigo tem como objetivo apresentar aos educadores de ensino fundamental a importância da cultura no processo de construção da identidade da criança de ensino fundamental e conscientizá-lo de sua importância como protagonista/expectador deste processo.

Palavras-chave: Pluralidade cultural, cultura, educação, sociocultural.

INTRODUÇÃO:
As culturas são produzidas pelos grupos sociais ao longo de suas histórias, na construção de suas formas de subsistência, na organização da vida social e política, nas relações com o meio e com os outros grupos, na produção de conhecimentos, nas atitudes a serem tomadas, enfim na vida cotidiana como um todo.
Especificamente falando, a sociedade brasileira é preconceituosa e discriminadora, o Brasil precisa aprender a conviver com as diferenças sem hierarquizá-las. De acordo com LOPES (2001, p.21-25) “o Brasil é, sabidamente, um país multirracial e pluriétnico, o que por conseqüência, implica a existência de diversidade ou pluralidade cultural, muito embora exista enorme dificuldade de reconhecimento dessa diversificação por parte de muitos brasileiros”.
Sabe-se que no princípio eram índios com suas diferentes etnias. Depois começaram a chegar os brancos, logo em seguida, foram trazidos, como escravos, negros africanos. Quer queiramos ou não, mesmo sem considerarmos as influências culturais, já somos um país plural, somos resultado da mistura de muitos povos, de muitas culturas diferenciadas.
Somos condicionados a aceitar pacificamente uma cultura branca ocidental, desconhecendo as demais manifestações ou considerando-as culturas subalternas, primitivas, sem valor maior para a formação da sociedade.
É possível observar a forma como os povos são culturalmente monopolizados, na carta que os governantes dos Estados Unidos, Virginia e Maryland enviaram aos índios das Seis Nações:
Há muitos anos nos Estados Unidos, Virgínia e Maryland assinaram um tratado de paz com os Índios das Seis Nações... Logo depois os seus governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns dos seus jovens às escolas dos brancos. Os chefes responderam agradecendo e recusando...Eis o trecho que nos interessa:
"... Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração.
Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos aos saber que a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa.
...Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou conselheiros.
Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão, oferecemos aos nobres senhores de Virgínia para que nos envie alguns de seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens.(BRANDÃO, 1998, p.18-19)

Uma das principais tarefas do educador, enquanto influenciador social e mediador de conhecimento, são o de possibilitar com que os seus alunos compreendam a não existência de cultura superior ou inferior; certa ou errada, e sim culturas diferentes, que devem ser respeitadas.

DESENVOLVIMENTO

Para viver democraticamente em uma sociedade plural é preciso respeitar os diferentes grupos e culturas que a constituem. Sabe-se que as regiões brasileiras têm características culturais bastante diversas e a convivência entre grupos diferenciados nos planos social e cultural muitas vezes é marcada pelo preconceito e pela discriminação. Acreditamos que o grande desafio da escola, enquanto instituição socializadora, é investir na superação da discriminação e promover o conhecimento da riqueza representada pela diversidade cultural que compõe o patrimônio sociocultural de qualquer sociedade. Nesse sentido, a escola deve ser local de diálogo, de aprender a conviver, vivenciando a própria cultura e respeitando as diferentes formas de expressão cultural.
Falar sobre influência cultural é como “mergulhar” num estudo aprofundado da vida de cada ser humano tendo em vista a influência que a cultura e a sociedade têm na sua personalidade e no seu modo de viver.
A influência cultural na educação deve ter como meta à formação da criança enquanto ser humano criativo, dotado de inteligência, proporcionando que o mesmo possa expressar-se e intensificar o relacionamento com outro indivíduo.

A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz de uma organização familiar que está inscrita em uma sociedade, com uma determinada cultura em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca.(LADEIA, 2001, p.19-21).

Sabemos que as pessoas não nascem prontas; é o meio em que vivem, que educa moralmente seus membros. A família, os meios de comunicação e o convívio com outras pessoas têm influência marcante no comportamento da criança. E, naturalmente, a escola também tem. A escola participa da formação moral de seus alunos. Valores e regras são transmitidos pelos professores, pela organização institucional, pelas formas de avaliação, pelos comportamentos dos próprios alunos, e assim por diante. Isso significa que essas questões devem ser objeto de reflexão da escola como um todo, ao invés de cada professor tomar isoladamente suas decisões.
De acordo com os PCN (1997, p.156) o entendimento do mundo é formado, fundamentalmente, a partir do cotidiano. O conhecimento das pessoas de maneira geral é rico em experiências vividas. Seus valores e crenças influenciam o comportamento no âmbito da família, da escola e do trabalho.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais enfatizam o ensino e a aprendizagem de conteúdos que colaboram para a formação do cidadão buscando que o aluno adquira um conhecimento com o qual saiba situar na sua própria vida as relações existentes entre os seres humanos (MEC. 1997), isso só será possível a partir da influência que a criança obtém no inicio de sua vida.
Segundo CORTELLA (2001, p.57) o ambiente escolar proporciona uma experiência sociocultural insubstituível, não apenas por ser um espaço de convivência, de formação e informação, mas também porque lá há lugar para os sonhos, tristeza, compartilhamento, desejos, enfim.
O convívio escolar refere-se a todas as relações e situações vividas na escola, dentro e fora da sala de aula. A busca de coerência entre o que se pretende ensinar aos alunos e o que se faz na escola é também fundamental.
Um dos pontos chaves da influência cultural enquanto tema pedagógico é o envolvimento que proporciona entrelaçamento da escola, comunidade e sociedade, o que faz com que amplie questões do dia-a-dia com relação às diferenças existentes entre seres humanos. Dessa forma a influência sociocultural oferece oportunidades aos alunos de conhecerem suas origens, sua história como indivíduo participante de grupos culturais, propiciando a compreensão de seu valor e a elevação de sua auto-estima enquanto ser humano digno e que merece respeito.
Através da escola a criança te,m a oportunidade de adquirir conhecimentos e vivências que ajudam a conscientizar os alunos quanto às injustiças e manifestações de preconceito e discriminação. Ela como pertencente ao sistema social, tem juntamente com outros componentes desse mesmo sistema, a tarefa de desconstruir essa hegemonia cultural que nos é imposta desde que o Brasil fora “descoberto”, dando oportunidade às demais de serem conhecidas e reconhecidas, também como construtoras da identidade cultural do nosso país.
Cabe a escola contribuir para que as pessoas e as instituições mudem a sua visão de mundo, onde os diferentes se reconhecem e se respeitam, onde as diferenças não são geradoras de desigualdades sociais, mas sim de respeito à individualidade do seu próximo.
É imprescindível que os educadores levem em conta, o tipo de cultura que o seu aluno recebe desde a sua origem, de sua condição cultural e a motivação que o mesmo tem para inserir-se no meio educacional-pedagógico-social proposto.
Devemos ter em mente que precisamos não de um adulto consciente no futuro e sim uma criança consciente hoje para que tenhamos esperança de um futuro melhor para todos.
Contribuir para a mudança de rumo da sociedade brasileira, para que ela seja mais justa e igualitária, é de fundamental importância, mas para isso precisamos de coragem, de falar em voz alta o que se procura ignorar.
Especificamente falando da criança de ensino fundamental, que está em fase de desenvolvimento e por isso tem facilidade maior em assimilar e apreender a influência do meio, o interesse em conhecer melhor esse ser humano é inevitável, pois os educadores que são responsáveis, participantes e protagonistas do universo cultural da criança podem ajudá-la a reconstruir a influência cultural monopolizadora que teve e a se auto-conscientizarem do valor de seus atos perante a outros indivíduos.
É comum ouvirmos de educadores que não é fácil educar uma criança nos dias de hoje, pois os pais não sabem como agir com os filhos de forma a proporcionar-lhe uma formação baseada na moral e nos princípios humanos. Os seres humanos são educados através de exemplos, dos tipos de culturas que lhes são apresentadas.
É evidente que as crianças tendem a repetir as atitudes que vivenciam, isso é transmissão de cultura.
As histórias de aprendizagem dos pais interferem na formação das modalidades dos filhos, já que estes são os primeiros ensinantes oferecendo possibilidades da criança vivenciar suas primeiras experiências com o mundo. Cabe ressaltar que os pais trazem as modalidades que sofreram também a interferência de seus ensinantes.A modalidade de aprendizagem dos pais intervém na forma como o sujeito se vê quando aprende, já que os pais ocupam o lugar do espelho onde a criança se vê.(apud LIMA, D.C; ROSMANINHO, M.S.R; 2002, p.7)

É interessante que sempre agimos semelhantemente como nossos pais e educadores agiam conosco, e que muitas vezes eram criticados por nós. Isso prova que a influência cultural da relação humana é a base do cidadão que teremos no amanhã.
Uma criança sem uma referência cultural baseada no respeito mútuo é dificilmente capaz de agir, progredir e relacionar-se como pessoa de bem.

CONCLUSÃO
Sabe-se que o Ser humano é o único animal capaz de construir e transformar uma civilização adequando-se e progredindo com ela. Vive-se a era do descomprometimento com a vida do ser humano, é possível verificar isto todos os dias, seja no abuso de poder ou na lógica de quem pode mais.
De acordo com Içami Tiba (1996, p.111), “para viver em sociedade, o ser humano não necessita apenas de inteligência. Precisa viver segundo a ética, participando ativamente das regras de convivência e encarando o egoísmo, por exemplo, como uma deficiência funcional social”.
Os educadores, enquanto mediadores da aquisição de conhecimento, devem resgatar através da reformulação da cultura pré-existente, o lado “humano” do aluno, respeitando o mesmo, sem rotulá-lo, buscando informações sobre o “eu” desse sujeito, tentando entendê-lo a partir do seu cotidiano.
Confirmamos a importância da influência cultural na vida da criança com as palavras de Paulo Freire (1997), dizendo que:
Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.

Essa educação transformadora que Paulo Freire menciona, com certeza, não é restrita a uma sala de aula, mas sim numa educação cultural que é transmitida a esses indivíduos, de forma humana e social a fim de cultivar-se grandes homens num futuro nem tão distante. Paulo Freire ainda complementa dizendo que “me movo como educador, porque primeiro me movo como gente”.
É preciso enfim que os educadores incorporem estas palavras de Paulo Freire para que possam educar culturalmente seus alunos a fim de que possibilitem a reconstrução dessa sociedade capitalista e monopolizadora, para uma sociedade mais justa e igualitária respeitando a individualidade de cada ser protagonista deste meio social.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Educação Pública

Outro dia eu estava em uma reunião escolar dirigida a pais, dessas que quase todas as escolas realizam no início do ano letivo. Em determinado momento, uma mãe disse ao diretor, que esclarecia as dúvidas de alguns pais: “Estou cansada de ter de ouvir questões que não têm relação com meu filho. Creio que as reuniões devem ser de cada professor com os pais de seus alunos porque só temos interesse nos nossos filhos.”.
A fala dessa mãe é bem representativa: estreitamos muito nossa visão quanto à educação e privatizamos totalmente nossos interesses em relação a esse assunto. Só temos interesse real naquilo que atinge nossos interesses ou os dos nossos filhos. Acontece que a Educação é um tema que deve interessar a todos já que ela é um dos elementos mais importantes na construção de nosso futuro.
Uma confusão grande que fizemos foi a de fazer uma diferenciação entre a educação escolar praticada nas escolas públicas e a nas escolas privadas. Na verdade, a educação é sempre pública. O que significa isso? Que os alunos, além do acesso ao conhecimento, devem aprender no espaço escolar os valores comunitários e a convivência respeitosa, justa e democrática, se é que queremos mesmo garantir um estado democrático.
É nesse contexto que precisamos pensar a escola pública. Vamos lembrar que a maioria dos alunos no Brasil freqüenta a escola pública. O censo de 2007 mostrou que, dos 52.969.456 alunos matriculados no ensino básico, apenas 6.358.746 frequentaram escolas privadas, ou seja, apenas 12% do total. Bem pouco, não?
Por isso, se não investirmos todos na escola pública, comprometemos nosso futuro e o de nossos filhos, mesmo que eles freqüentem uma excelente escola privada. É disso que a Giulia fala em seus comentários.
Como a classe média tem optado por matricular seus filhos nas escolas privadas, deixou de se interessar pelo que ocorre nas escolas públicas. Vamos analisar a conseqüência disso para perceber como podemos colaborar, como cidadãos, para melhorar a educação escolar no país e não apenas para desfrute próprio.
Quando um problema acontece em uma escola privada, logo os pais se movimentam e, como a Giulia bem observou, como é uma classe que tem influência de grande alcance social, como na mídia, por exemplo, logo a escola trata de propor ou encontrar soluções para a situação. Claro que isso pode provocar confusão, principalmente a respeito da educação identificada como prestação de serviço, mas que é um mecanismo importante de regulação social para a escola, sem dúvida é.
E na escola pública? Frente a algum problema, os pais até podem se reunir para reclamar, mas suas reclamações em geral não encontram eco social. Nós não temos a melhoria da escola pública como uma prioridade, essa é a verdade. Quando ficamos sabendo de algum problema até lamentamos, reclamamos, mas em geral não tomamos atitude alguma.
É preciso lembrar que o acesso ao comportamento civilizado e à cidadania não ocorre por mágica ou milagre: é um processo educativo e parte importante dele é de responsabilidade da escola. Os alunos que não têm a oportunidade desse aprendizado na escola que freqüentam conviverão, mais tarde, de igual para igual na vida pública, com os que tiveram. E então, o que acontecerá com a sociedade se eles forem a maioria?

Barrados na escola

Outro dia uma reportagem na Folha colocou em evidência um fato bem interessante. Duas garotas foram impedidas de entrar na escola porque trajavam roupas inadequadas ao espaço escolar. As duas protagonistas da história, adolescentes, discordaram que suas vestes fossem escandalosas. A escola afirmava o contrário. E, para falar a verdade, as fotos publicadas não permitiram que eu formasse uma opinião para tomar algum partido. Mas, de qualquer maneira, o fato rende um bom debate já que tem sido corriqueiro.Vamos reconhecer: os pais não têm ajudado muito nessa história. Têm sido benevolentes demais com os filhos ao permitir que vistam o que querem desde que são bem pequenos e se poupando, dessa maneira, de um árduo trabalho educativo, ou ao omitirem-se de opinar sobre o assunto. Fazem vista grossa quando os filhos se vestem de modo exagerado ou até compactuam com roupas insinuantes ou impróprias para determinados lugares. Além disso, se rendem com facilidade ao fatídico argumento que crianças e jovens usam com freqüência: “-Todo mundo usa!”.E as escolas? Estas, mesmo quando se dão conta de que não há ninguém ensinando essa moçada, entre outras coisas, de que a roupa no corpo comunica algo aos outros, de que há roupas apropriadas para determinados lugares e ocasiões e de que há regras – implícitas ou explícitas – de convivência quando se freqüenta o espaço público, também se exime de assumir a responsabilidade. O ponto máximo a que chegam é moralizar a questão com os alunos ou decretar proibições e punições. Isso me faz lembrar de uma cena de um filme que adorei: “Invasões Bárbaras”. O personagem central, por sinal professor, ao ouvir o comentário de um amigo que criticava com violência os jovens da atualidade, fez um único comentário: ”-Eles aprenderiam se houvesse quem os ensinasse”.Aí está: crianças e jovens, hoje, estão abandonados à sua própria sorte porque não assumimos a responsabilidade educativa que temos em relação a eles. Por isso, são impedidos de entrar na escola porque não estão vestidos adequadamente em vez de lá aprenderem algo a respeito do assunto.Em tempo: Educar é um processo longo que nunca apresenta resultados imediatos.

Educar para a diversidade

Uma leitora, educadora profissional de uma escola privada, escreveu manifestando preocupação com o fato de muitos pais recusarem o convívio do filho com colegas cujas famílias professam religião diferente da sua. Ela conta que a escola, laica, sempre respeitou alunos que não participavam de festas juninas, autos de Natal e outras comemorações religiosas, mas que, de um tempo para cá, a situação está mais para a intolerância.
O tema pode ser ampliado: muitos pais têm evitado que seus filhos entrem em contato com conceitos, idéias e comportamentos, não só religiosos, porque estes não são aceitos pelas famílias. A máxima de que família e escola devem falar a mesma língua para que a educação seja coerente ganha contornos perigosos dessa forma.
Sabemos que os iguais procuram proximidade, e é seguindo tal princípio que clubes formam seu quadro de associados, que torcidas se constituem, que tribos aparecem, que surgem bairros e sociedades. Afinal, o elo que liga pessoas diferentes entre si, mas com algo parecido ou igual, é a base de todos os agrupamentos humanos. É também o que fornece e mantém a identidade das pessoas.
A família é o agrupamento que dá a identidade primeira para os mais novos, e o sobrenome familiar aponta para a origem de cada um. Em tempos de multiplicidade de referências socioculturais, a educação familiar ganha importância principalmente para garantir referências e valores sólidos. Entretanto, as referências se constituem apenas em um norte. Não podem se transformar no único caminho a ser seguido. Afinal, a liberdade deve ser meta prioritária em todo tipo de educação.
É na escola que os mais novos entram em contato com a diversidade sociocultural existente. É a escola a responsável por iniciar o processo de separação das crianças dos pais. Tal afastamento é necessário para que a autonomia seja conquistada, para que a criança possa dar seus próprios passos e, mais tarde, conviver em qualquer lugar, com qualquer tipo de pessoa e de qualquer maneira. Aliás, tal afastamento também propicia o livre acesso ao conhecimento e, logo, à formação do espírito crítico. Em casa, as crianças aprendem a acreditar em algumas idéias; na escola, aprendem a conhecê-las.
Quando os pais proíbem ou dificultam o acesso dos filhos a idéias e hábitos diferentes dos seus, buscam inseri-lo em um grupo homogêneo. Ora, nada mais autoritário e arriscado, pois isso possibilita que se crie a idéia de propriedade da verdade e, consequentemente, da intolerância e do desrespeito. Aliás, temos vivido esse problema: o outro tem sido considerado um estranho e olhado com desconfiança. Tal atitude compromete a vida pública e temos sentido isso na pele.
Manter os filhos apenas "dentro da família" não deixa de ser um ato incestuoso, já que impossibilita as trocas laterais. E não queremos aprisionar nossos filhos, não é? Ao contrário, queremos que sejam pessoas livres, autônomas, conscientes do que significa ser cidadão, podendo, desse modo, construir um mundo melhor.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Comunicação com os filhos

Um fenômeno bem interessante tem ocorrido nas relações entre pais e filhos. Trata-se da dificuldade que muitos pais experimentam para conversar com os filhos sobre alguns fatos da vida deles -fenômeno que ocorre principalmente a partir da adolescência.
Primeiro, vamos entender como essa comunicação ocorre no início da vida das crianças. Alguns pais conversam com seus filhos pequenos como se eles já fossem adultos. Isso significa ignorar que eles têm uma visão especial do mundo, que é fantástica e imaginativa. A fala dos adultos, racional e objetiva, é mais um fator a arrancar a infância das crianças. Assim, muitas crianças pequenas são obrigadas a enfrentar conversas cheias de detalhes do universo adulto que não entendem ou entendem de modo muito peculiar. Só para exemplificar: pais que se separam, cheios de boas intenções, tentam explicar os motivos do rompimento e terminam por expor detalhes do relacionamento que a criança não deveria saber. Um garoto de quatro anos, ao ouvir uma história de fadas, comentou que o pai não morava mais com a mãe porque este havia sido enfeitiçado por uma bruxa e era prisioneiro dela. Esse é o mundo infantil, é assim que a criança tenta entender o que ocorre à sua volta.
Bem, os filhos crescem e, aos poucos, passam a se relacionar com o mundo como adultos. É uma aprendizagem, por isso precisam da orientação dos pais. É aí que a coisa pega, porque muitos pais criam um conflito: deixam que os filhos tenham vida de gente grande, mas se comunicam com eles como se eles fossem crianças.
Vejamos alguns exemplos. Uma mãe soube, pela amiga da filha, que ela havia experimentado maconha e não teve coragem de abordar o assunto com a garota. Outra mãe constatou que o filho trazia da escola objetos que não eram dele e optou por levar o menino, de 13 anos, para um tratamento psicológico porque não conseguiu falar com ele sobre o tema. Um casal viu, num site de relacionamentos, que o filho se referia às mulheres de modo preconceituoso e ofensivo, mas preferiu não dizer nada ao filho.
Nos casos citados, os pais ficaram melindrados para conversar com os filhos. E, em todos eles, os adolescentes já tinham condições de enfrentar um diálogo franco e arcar com as conseqüências de seus atos.
Aliás, todos eles precisavam da orientação dos pais, não é? Os filhos têm o direito de saber o que os pais sabem sobre a vida deles e também o de ouvir a opinião dos pais sobre o que fazem e como vivem. Só tendo uma relação transparente com seus responsáveis eles aprenderão a agir da mesma maneira na própria vida. Afinal, o que se opõe à conversa franca e aberta com o maior interessado, que é quem toma determinada atitude, é a fofoca, não é?

A violência mora ao lado

Vivemos na cultura da violência, e tal fato afeta profundamente a formação dos mais novos. Todos os pais tomam medidas que miram à segurança dos filhos e transmitem, nas entrelinhas, lições nem sempre benéficas sobre a vida em comum. Muitos, por exemplo, não permitem que os filhos andem ou usem transporte público até a escola. Do mesmo modo, só deixam que eles freqüentem locais que consideram seguros, como clubes, festas em casa de colegas, shoppings etc.
O que os mais novos aprendem com isso? Que as pessoas que freqüentam esses locais são ou ameaçadoras, no caso dos impedimentos, ou amigáveis, no caso das autorizações. Pois um acontecimento que envolveu um grupo de adolescentes de classe média é exemplar para mostrar os equívocos cometidos com boas intenções -como quase sempre, é claro.
Um grupo de amigos, todos por volta dos 14 anos, encontrou-se num shopping de uma região nobre da cidade. Muitos pais autorizam que seus filhos façam tal programa por achar que lá eles estão seguros. Por quê? Porque os shoppings têm um serviço de segurança e porque os freqüentadores costumam ter o mesmo estilo de vida, pois pertencem ao mesmo grupo social.
Grande engano.
Em certo momento, o grupo foi abordado por outro grupo composto por jovens um pouco mais velhos. No confronto público, garotas e garotos foram humilhados, agredidos moral e fisicamente e obrigados a fazer coisas que não queriam.
O confronto tinha o objetivo de criar uma hierarquia social pelo uso da violência, ou seja, identificar quais eram os fortes e os fracos entre os que compartilhavam o mesmo espaço público. E atenção para um detalhe sério: muitos adultos estavam no entorno e nenhum deles tomou uma única atitude.
Que reflexões esse lamentável caso pode provocar? De largada, que a violência está tão banalizada que nem sempre percebemos que ela está instalada também no grupo social que freqüentamos e inclusive em nosso próprio comportamento. É a isso que chamamos cultura da violência, e cada um de nós tem suas responsabilidades em relação a ela.
Precisamos considerar, na educação familiar e na escolar, a importância da valorização da paz. Aliás, educar para a cidadania e para a paz são expressões muito utilizadas por pais e por educadores profissionais, mas carecem de sentido na prática.
Se hoje temos crianças e jovens que praticam violências cotidianamente é porque temos falhado nesse tipo de educação. A educação para a cidadania começa com alguns valores: os de justiça, solidariedade e respeito; a negociação pacífica de conflitos também deve ter lugar de realce. A escola do seu filho contempla, na prática cotidiana, essas questões? E na família, como agimos em relação a elas? Precisamos lembrar que é participando da vida familiar e escolar que os mais novos apreendem os princípios que norteiam nossa prática de vida.
E é por isso que repetem, a seu modo, certos comportamentos aprendidos ou não contidos.

Heranças de família

Recentemente, li um artigo sobre o caráter descartável de quase tudo na sociedade que enfatiza o consumo. Um trecho me chamou a atenção, porque o autor ressaltou uma perda significativa. Cada vez menos as pessoas deixam de herança aos filhos algum objeto de uso doméstico. Isso ocorre porque quase todos têm pouca durabilidade e também porque a moda é muito transitória.
Ele usou exemplos interessantes: até há pouco tempo, quase todas as famílias tinham algum móvel antigo que pertencera a algum antepassado -ou uma batedeira de bolo, uma máquina manual de moer carne etc. Lembrei-me de que tenho, em minha sala, um móvel antigo comprado por meu pai antes de eu nascer. Toda vez que passo por ele, lembro-me com carinho de meu pai, da minha infância e de seus ensinamentos. Sempre me emociono.
Mais do que decorar a casa, a função desses objetos é a de corporificar a história da família, lembrar às pessoas as suas origens. Pelo visto, as novas gerações não terão essa sorte.
Tal pensamento me fez associar a um outro: assim como os objetos de uso geral têm se tornado descartáveis, as tradições familiares têm se perdido. Corremos o risco de nos tornarmos uma geração de famílias anônimas: sem identidade própria, sem tradições nem costumes. Desse modo, tanto faz ter este ou aquele sobrenome.
Muitos pais têm desistido de transmitir aos filhos o que receberam de seus pais no convívio familiar: certos costumes de reuniões com parentes, de estilo de comemorar datas e presentear, de maneiras de encarar as dificuldades da vida e, principalmente, o valor de algumas atitudes. Tudo isso em nome da mudança dos tempos.
Um fato é verdadeiro: o mundo hoje é diferente do mundo em que esses pais foram criados, por isso parece que nada do que aprenderam com seus pais serve para a educação de seus filhos. Mas essa idéia tem um problema: o de que a história pode ser ignorada.
Isso significa, como um amigo gosta de dizer, que os pais precisam, a cada dia, na relação com os filhos, "inventar a roda, começar do zero". Isso torna tudo mais difícil, pois exige que os novos pais façam várias escolhas diariamente, e escolher é um processo complexo.
Tomemos um exemplo banal: a vida escolar dos filhos. Recebo, com regularidade, dúvidas dos pais sobre como proceder: acompanhar ou não as lições de casa, estudar ou não com os filhos, comparecer ou não às reuniões da escola, impor a leitura de tantos livros por mês ou não etc. O mais interessante é que, em quase todas as correspondências, eles dizem que, quando freqüentaram a escola, não tiveram esse tipo de ajuda dos pais.
A tradição de muitas famílias de delegar a responsabilidade escolar aos filhos tem se perdido, portanto. Por quê? Porque o êxito escolar hoje em dia tem sido muito mais valorizado.
Temos feito de tudo para dar aos filhos o que nossos pais não puderam nos dar, mas, ao mesmo tempo, temos negado ofertar a eles coisas importantes que herdamos. Talvez seja possível encontrar um equilíbrio nessa relação.

O preconceito racial na escola

Uma amiga, que trabalha em escola particular, contou-me um fato que considerei importante. O filho, de seis anos e que cursa o primeiro ano do ensino fundamental, disse a ela que não queria mais ser negro. Quando a mãe perguntou o motivo, ele imediatamente respondeu que, sendo o único aluno negro na escola, era diferente de todos os outros e isso o incomodava.
Basta um olhar para constatar que as escolas particulares recebem poucos alunos negros. Mas, a questão vai além: parece-me que poucas tratam com cuidado as questões do preconceito racial, ainda presente em pleno século XXI. Algumas escolas particulares não têm um único aluno negro, mas isso não é motivo para não tratar da questão, não é verdade? Afinal, esse é um tema de nossa sociedade e não é compreensível que a educação para a cidadania não contemple esse item nos trabalhos escolares.
Sugeri a essa amiga a leitura, para o filho, de um conto de Mario de Andrade chamado “Será o Benedito”, lançado recentemente pela editora Cosac Naif. Os livros dessa editora são muito bem cuidados e esse, em especial, apresenta ilustrações muito interessantes. De forma bem resumida, o conto apresenta a relação de estreita camaradagem entre duas pessoas muito diferentes: um homem branco da cidade e um garoto negro do campo.
Ela leu para o filho e as conversas que a história rendeu entre ambos foram muito boas. Ela teve a idéia, então, de sugerir a leitura para alguns professores da escola. Assim, sem grandes pretensões, pelo menos alguns deles irão criar para seus alunos a oportunidade de trabalhar, por meio do conhecimento, o preconceito racial.
Crianças usam com freqüência características da aparência dos colegas para humilhar e ofender. Desse modo, palavras como “baleia”, “cabeça de fogo”, “zarolho”, entre outras, são usadas como xingamento. A criança ainda não tem consciência das conseqüências que essa atitude pode provocar.
Isso exige da parte dos professores um trabalho cuidadoso de formação dos alunos, inclusive moral. A escola que seu filho freqüenta trabalha o tema do preconceito racial? De que maneiras? Quais as estratégias utilizadas? O tema é abordado transversalmente? O conhecimento de que dispomos a respeito é valorizado e trabalhado com os alunos?Essas são perguntas bem pertinentes que os pais podem fazer às escolas. Afinal, se queremos um mundo menos violento e intolerante, precisamos ensinar aos mais novos o respeito às diferenças e a defesa intransigente da justiça.
Semana passada, os jornais trouxeram muitas notícias a respeito da situação dos negros do Brasil na atualidade por conta da data comemorativa de 13 de maio. Será que as escolas fizeram o mesmo? Pergunte ao seu filho se alguma atividade importante relacionada ao fato foi proposta e estabeleça com ele um diálogo a respeito; fatos do cotidiano sempre permitem isso.
O filho dessa amiga, por exemplo, observou que a maioria dos adultos e crianças que ficam nas esquinas pedindo esmola é negra e pediu explicações sobre sua observação. Se ouvirmos bem o que as crianças dizem, percebemos que elas pedem recursos para ler e interpretar melhor o mundo. Será que atendemos a esse pedido?

quinta-feira, 15 de maio de 2008

LIBERAÇÃO SEXUAL

Então chega o momento em que a alma se aquece e as contrações involuntárias se alongam por compassados segundos। Ah, o relaxamento profundo, o faiscante brilho no olhar e o incontornável sorriso no rosto। A deliciosa sensação do tempo que pára e problemas que somem। Pois a desejada oportunidade de retornar sempre ao prazer, sem culpas nem traumas, está agora ao alcance de uma geração inteira de brasileiros। Pela primeira vez, o reconforto do sexo é algo igualmente acessível a homens e mulheres, finalmente libertados da moral católica, das convenções sociais e de uma repressão histórica. Antes encarado como um prêmio da relação amorosa, a realização do desejo passou a ser direito de uma juventude que se inicia mais cedo, tem mais parceiros e se casa mais tarde.“A grande revolução é feminina”, diz a psiquiatra da Universidade de São Paulo (USP), Carmita Abdo. “Elas fazem sexo sem estar apaixonadas.” Coordenadora do Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, o primeiro trabalho completo sobre o tema, que ouviu cerca de sete mil pessoas em 20 capitais, em 2004, Carmita antecipou a ISTOÉ os novos resultados da atualização dessa pesquisa. E eles mostram que uma revolução está em curso. Veja o caso das meninas: em 2004, a moça que tinha entre 18 e 25 anos havia perdido a virgindade aos 17. Atualmente, ela se inicia sexualmente aos 15 anos, a mesma idade dos rapazes. Foi a mudança acelerada no comportamento delas que ajudou a modificar um costume deles. No caso dos homens, virou coisa de antigamente começar a vida sexual com garotas de programa. Consolidou-se a tendência de que a primeira relação aconteça entre colegas de escola, vizinhos ou amigos.Paralelamente, o brasileiro vem adiando cada vez mais o casamento. Dados do IBGE mostram que a troca de alianças acontece, em média, aos 28,5 anos – eles, aos 30,2 anos e elas, com 26,8. Há apenas uma década, a geração anterior se casava, em média, com 26,1 anos. Nesta nova perspectiva de vida, em que o jovem transa pela primeira vez mais cedo e se casa mais tarde, é natural uma multiplicidade de parceiros. Mudou, portanto, a acepção do que antes se chamava “ficar”."Ficar virou sinônimo de fazer sexo”, explica Carmita Abdo. “O jovem, hoje, fica com alguém e não estabelece nenhum tipo de compromisso ou vínculo. O sexo virou um prazer que ele vê como um direito e não como um prêmio de uma história afetiva construída.” Esse é o mais novo traço da liberação sexual que ocorre entre os jovens.O paulista Ricardo Gazarra Pizone é um exemplo dessa geração. Solteiro, ele mora com os pais e sai à noite quatro vezes por semana. Diz que nunca voltou para casa sem “beijo na boca”. “Num domingo do mês passado, beijei 19 mulheres e transei com três em uma festa”, garante Ricardo, comerciante de 25 anos, que já freqüentou um motel com três garotas. Em 2005, em um carnaval fora de época, ele afirma ter beijado 53 meninas em cinco horas – uma a cada dez minutos, em média. “Não sinto nenhuma culpa por agir assim, porque jogo aberto. Digo antes que não quero nada sério.”De acordo com o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, os homens entre 18 e 25 anos afirmam ter 4,2 parceiras sexuais durante um ano. Parceira sexual é mais do que uma transa de apenas uma noite, é alguém com quem o encontro teve alguma seqüência. Já as mulheres dizem ter 1,6 parceiro sexual anualmente. Se imaginarmos que essa garota começa a vida sexual aos 15 anos e se casa aos 27, ela poderá ter 19 parceiros até trocar alianças. Um quadro bem diferente do passado. Quarenta anos atrás, a moça transava pela primeira vez aos 22 anos com o namorado com quem se casaria ou, no máximo, com alguém que imaginasse ser o príncipe encantado que a levaria ao altar. Segundo os especialistas, nunca em nenhuma época da era contemporânea o sexo esteve tão desvinculado do casamento.Ricardo diz ter beijado 19 meninas e transado com três numa única festaO curioso é que essa geração nasceu e/ou cresceu diante da propagação da Aids, mas a doença não pôs um freio na multiplicidade de parceiros, como se imaginava. O jovem domina plenamente os meios contraceptivos – embora nem sempre os utilize corretamente – e a liberdade sexual cresce de forma avassaladora. “Foi mal veiculada e mal captada a mensagem sobre a Aids. Enquanto se divulgava “não transe sem camisinha”, a garotada entendia “use o preservativo e faça sexo”. Foi um convite para o sexo sem preocupação”, opina Carmita, da USP.O ambiente erotizado da juventude de hoje favorece essa ebulição sexual. No fim dos anos 80, a nudez nas novelas e a genitália exposta no Carnaval arrepiavam muitas famílias e geravam polêmica. Hoje, ambos ganham closes cada vez mais ousados na tevê. Na internet, o jovem encontra sexo protegido, de fácil acesso e, por meio dela, também agenda encontros. Mais: para dar o toque de fantasia, uma conotação festiva, a esse encontro, pode recorrer aos sex shops, que deixaram o submundo e estão cada vez mais visíveis nas esquinas das grandes cidades.Com tantas possibilidades, não passa pela cabeça dessa juventude unir-se a outra pessoa para ter atividade sexual ou se libertar dos pais, como ocorria antes. Com isso, o casamento deixou de ser a espinha dorsal em torno da qual se desenha uma trajetória. A jornalista paulista Denise Molinaro, 31 anos, recebeu cinco pedidos de casamento (aos 19, 22, 26, 27 e 30 anos) e recusou todos. “Quero casar somente depois dos 32”, afirma ela. “Minha mãe fica horrorizada, mas sempre pensei assim. Tenho de crescer profissionalmente, viajar, conhecer lugares e pessoas antes.”

Resumo: sexo livre, sem compromissos, não atrelado ao casamento e a nenhuma relação estável. Realmente nesse caso o que importa é quantidade e não qualidade de relacionamento. O ambiente erotizado evidentemente estimula esse tipo de comportamento. Mas culpar apenas televisão e Internet é fácil. E quem considera legal observar tudo isso e apóia filhos e filhas a terem essa atitude de encarar o sexo dessa maneira? É simplesmente hipócrita atribuir aos meios de comunicação a responsabilidade de tudo. É evidente que só se divulga porcaria em geral na programação televisiva e na web, mas quem consome isso por livre e espontânea vontade é totalmente responsável por seus atos. E quem bate palmas e facilita o acesso para crianças, adolescentes e jovens tem grande parcela de participação nisso tudo. É fundamental abandonar o cinismo nesse assunto.