domingo, 30 de março de 2008

Maconha

A maconha é o nome dado aqui no Brasil a uma planta chamada cientificamente de Cannabis Sativa. Em outros países ela recebe diferentes nomes. Ela já era conhecida há pelo menos 5.000 anos, sendo utilizada quer para fins medicinais quer para "produzir risos". Talvez a primeira menção da maconha na nossa língua tenha sido um escrito de 1.548 onde está dito no português daquela época: "e já ouvi a muitas mulheres que, quando iam ver algum homem, para estar choquareiras e graciosas a tomavam". Até o início do presente século, a maconha era considerada em vários países, inclusive no Brasil, como um medicamento útil para vários males. Mas também era já utilizada para fins não médicos por pessoas desejosas de sentir "coisas diferentes", ou mesmo utilizavam-na abusivamente. Conseqüência deste abuso, e de um certo exagero sobre os seus efeitos maléficos, a planta foi proibida em praticamente todo mundo ocidental, nos últimos 50-60 anos.
Mas atualmente, graças às pesquisas recentes, a maconha (ou substâncias dela extraídas) é reconhecida como medicamento em pelo menos duas condições clínicas: reduz ou abole as náuseas e vômitos produzidos por medicamentos anticâncer e tem efeito benéfico em alguns casos de epilepsia (doença que se caracteriza por convulsões ou "ataques").
Entretanto, é bom lembrar que a maconha (ou as substâncias extraídas da planta) tem também efeitos indesejáveis que podem prejudicar uma pessoa.O THC (tetrahidrocanabinol) é uma substância química fabricada pela própria maconha, sendo o principal responsável pelos efeitos da planta. Assim, dependendo da quantidade de THC presente (o que pode variar de acordo com o solo, clima, estação do ano, época de colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso) a maconha pode ter potência diferente, isto é, produzir mais ou menos efeitos. Esta variação nos efeitos depende também da própria pessoa que fuma a planta: todos nós sabemos que há grande variação entre as pessoas; de fato, ninguém é igual a ninguém! Assim, a dose de maconha que é insuficiente para um pode produzir efeito nítido em outro e até uma forte intoxicação num terceiro.
Efeitos da Maconha:
Para bom entendimento é melhor dividir os efeitos que a maconha produz sobre o homem em físicos (ação sobre o próprio corpo ou partes dele) e psíquicos (ação sobre a mente). Esses efeitos físicos e psíquicos sofrerão mudanças de acordo com o tempo de uso que se considera, ou seja, os efeitos são agudos (isto é, quando decorre apenas por algumas horas após fumar) e crônicos (conseqüências que aparecem após o uso continuado por semanas, ou meses ou mesmo anos).
Físicos Crônicos
Os efeitos físicos crônicos da maconha já são de maior monta. De fato, com o continuar do uso, vários órgãos do nosso corpo são afetados. Os pulmões são um exemplo disso. Não é difícil imaginar como irão ficar estes órgãos quando passam a receber cronicamente uma fumaça que é muito irritante, dado ser proveniente de um vegetal que nem chega a ser tratado como é o tabaco comum. Esta irritação constante leva a problemas respiratórios (bronquites), aliás como ocorre também com o cigarro comum. M
as o pior é que a fumaça de maconha contêm alto teor de alcatrão (maior mesmo que na do cigarro comum) e nele existe uma substância chamada benzopireno, conhecido agente cancerígeno; ainda não está provado cientificamente que a pessoa que fuma maconha cronicamente está sujeita a contrair câncer dos pulmões com maior facilidade, mas os indícios em animais de laboratório de que assim pode ser são cada vez mais fortes.
Outro efeito físico adverso (indesejável) do uso crônico da maconha refere-se à testosterona. Esta é o hormônio masculino; como tal confere ao homem maior quantidade de músculos, a voz mais grossa, a barba, também é responsável pela fabricação de espermatozóides pelos testículos. Já existem muitas provas que a maconha diminui em até 50-60 % a quantidade de testosterona. Conseqüentemente o homem apresenta um número bem reduzido de espermatozóides no líquido espermático (medicamente esta diminuição chama-se oligospermia) o que leva a uma infertilidade. Ou seja, o homem terá mais dificuldade de gerar filhos. Este é um efeito que desaparece quando a pessoa deixa de fumar a planta.
É também importante dizer que o homem não fica impotente ou perde o desejo sexual; ele fica somente com uma esterilidade, isto é, fica incapacitado de engravidar sua companheira. Há ainda a considerar os efeitos psíquicos crônicos produzidos pela maconha.
Sabe-se que o uso continuado da maconha interfere com a capacidade de aprendizagem e memorização e pode induzir um estado de amotivação, isto é, não sentir vontade de fazer mais nada, pois tudo fica sem graça e importância. Este efeito crônico da maconha é chamado de síndrome amotivacional. Além disso a maconha pode levar algumas pessoas a um estado de dependência, isto é, elas passam a organizar sua vida de maneira a facilitar o uso de maconha, sendo que tudo o mais perde o seu real valor.
Finalmente, há provas científicas de que se a pessoa tem uma doença psíquica qualquer, mas que ainda não está evidente (a pessoa consegue "se controlar") ou a doença já apareceu, mas está controlada com medicamentos adequados, a maconha piora o quadro. Ou faz surgir à doença, isto é, a pessoa não consegue mais "se controlar" ou neutraliza o efeito do medicamento e a pessoa passa a apresentar de novo os sintomas da doença. Este fato tem sido descrito com freqüência na doença mental chamada esquizofrenia. Em um levantamento feito entre os estudantes do 1º e 2º graus das 10 maiores cidades do país, em 1997, 7,6% declararam que já haviam experimentado a maconha e 1,7% declararam fazer uso de pelo menos 6 vezes por mês.
Físicos Agudos
Os efeitos físicos agudos são muito poucos: os olhos ficam meio avermelhados (o que em linguagem médica chama-se hipermia das conjuntivas), a boca fica seca (e lá vai outra palavrinha médica antipática: xerostomia - é o nome difícil que o médico dá para boca seca) e o coração dispara, de 60-80 batimentos por minuto pode chegar a 120-140 ou até mesmo mais (é o que o médico chama de taquicardia).
Psíquicos Agudos
Os efeitos psíquicos agudos dependerão da qualidade da maconha fumada e da sensibilidade de quem fuma. Para uma parte das pessoas os efeitos são uma sensação de bem-estar acompanhada de calma e relaxamento, sentir-se menos fatigado, vontade de rir (hilaridade). Para outras pessoas os efeitos são mais para o lado desagradável: sentem angústia, ficam aturdidas, temerosas de perder o controle da cabeça, trêmulas, suando. É o que comumente chamam de "má viagem" ou "bode". Há ainda evidente perturbação na capacidade da pessoa em calcular tempo e espaço e um prejuízo na memória e atenção. Assim sob a ação da maconha a pessoa erra grosseiramente na discriminação do tempo tendo a sensação que se passaram horas quando na realidade foram alguns minutos; um túnel com 10 metros de comprimento pode parecer ter 50 ou 100 metros.
Quanto aos efeitos na memória eles se manifestam principalmente na chamada memória a curto prazo, ou seja, aquela que nos é importante por alguns instantes. Dois exemplos verídicos auxiliam a entender este efeito: uma telefonista de PABX em um hotel (que ouvia um dado número pelo fone e no instante seguinte fazia a ligação) quando sob ação da maconha não era mais capaz de lembrar-se do número que acabara de ouvir. O outro caso, um bancário que lia numa lista o número de um documento que tinha que retirar de um arquivo; quando sob ação da maconha já havia esquecido do número quando chegava em frente ao arquivo. Pessoas sob esses efeitos não conseguem, ou melhor, não deveriam executar tarefas que dependem da atenção, bom senso e discernimento, pois correm o risco de prejudicar outros e/ou a si próprio. Como exemplo disso: dirigir carro, operar máquinas potencialmente perigosas. Aumentando-se a dose e/ou dependendo da sensibilidade, os efeitos psíquicos agudos podem chegar até a alterações mais evidentes, com predominância de delírios e alucinações.
Delírio é uma manifestação mental pela qual a pessoa faz um juízo errado do que vê ou ouve; por exemplo, sob ação da maconha uma pessoa ouve a sirene de uma ambulância e julga que é a polícia que vem prendê-la; ou vê duas pessoas conversando e pensa que ambas estão falando mal ou mesmo tramando um atentado contra ela. Em ambos os casos, esta mania de perseguição (delírios persecutórios) pode levar ao pânico e, conseqüentemente, a atitudes perigosas ("fugir pela janela", agredir as pessoas conversando em "defesa" antecipada contra a agressão que julga estar sendo tramada). Já a alucinação é uma percepção sem objeto, isto é, a pessoa pode ouvir a sirene da polícia ou vê duas pessoas conversando quando não existe quer a sirene quer as pessoas. As alucinações podem também ter fundo agradável ou terrificante.

Formas de consumo da cocaína

Embora o termo "Crack" venha sendo veiculado há pouco mais de 15 anos, a história do consumo dos produtos da cocaína é bastante antiga. Relatos sobre o uso das folhas do Arbusto (Erythroxylon, natural da América do Sul, mais especificamente encontrado na região Amazônica) são encontrados em tribos peruanas 2000 anos antes do descobrimento de nosso continente. A folha mascada libera baixas doses de cocaína, substância ativa da planta, que promove todos os seus efeitos. O uso, porém, era controlado, associado exclusivamente aos propósitos religiosos, ocupacionais ou como prerrogativa da mais alta casta deste povo. Esta forma de uso se manteve até a civilização Inca, mesmo quando da chegada dos espanhóis, que logo verificaram suas propriedades de estímulo na exploração do ouro da Terra Nova. Contudo a tentativa de transporte da planta para a Europa, naquela época, destruía a substância ativa contida nas folhas, perdendo todos os seus efeitos estimulantes. Esta razão foi responsável pelo esquecimento da substância nas publicações européias dos séculos seguintes, até que na metade do século passado foi conseguida a extração da substância pura, a cocaína, em forma de pó.
A apresentação aspirada produzia um efeito muito maior do que o observado na mascagem das folhas, tornando-se coqueluche no final do século passado no Velho Continente – a primeira epidemia de consumo da coca. Ao mesmo tempo a medicina inventava um método novíssimo para administração de remédios, a injeção. Assim, as principais formas de consumo na virada do século eram intranasal e intravenosa.
Em seguida, porém, a sociedade foi obrigada a se confrontar com um imenso rol de complicações e conseqüências desastrosas do consumo de cocaína e em 1914 a cocaína passava a ser proibida tanto nas Américas como na Europa. A sociedade moderna tomava consciência, pela primeira vez, do potencial destrutivo desta droga.
De uma forma extremamente interessante, a proibição surtiu efeitos importantes, e o uso da cocaína praticamente desapareceu por pouco mais de meio século. A cocaína ressurge no início da década de 1970, e surpreendentemente, ganha a reputação de droga segura e "light", a "vitamina dos anos ‘90". O resultado disto foi a explosão do consumo na América do norte, atingindo seu pico em 1985 nos Estados Unidos da América e cinco anos mais tarde em nosso país. O Brasil passa a ser reconhecido como uma das principais vias de exportação da droga principalmente para a Europa.
Em meados da década passada a sociedade teve contato com o "crack". Denominado de "pedra" pelos usuários em nosso meio, é consumido por "via" fumada. A pedra unitária tem preço mais acessível, promovendo a impressão que o usuário economiza quando troca o consumo do pó pela pedra. Grande ilusão: a "pedra" tem quantidade mínima de substância ativa, muito menor do que o pó; seus efeitos, porém são mais pronunciados pela liberação da cocaína diretamente na corrente sangüínea através dos pulmões. Reputado como "uma nova droga" o crack não passa de um novo método de consumo de uma droga muito antiga. Próximo às áreas de produção, entretanto, uma outra forma de fumar a cocaína, há muito era utilizada: a pasta-base. Esta é uma mistura das folhas com solventes químicos, que apresenta enorme toxicidade (40% de impurezas). Uma outra forma de fumar a cocaína é conhecida em várias regiões do Brasil com o nome de Méla ou Merla. Esta é mais tóxica ainda que a pasta base, sendo que as complicações médicas são ainda mais precoces no curso do uso da cocaína. Outra forma ainda que o organismo absorve a cocaína é através de mucosas. As complicações médicas deste consumo são imprevisíveis e freqüentemente letais.
No processo de produção da droga, éter, acetona, querosene, ácido sulfúrico, ácido clorídrico, amoníaco são usados, contribuindo para a toxicidade da droga. Outras substâncias igualmente tóxicas (gasolina, talco, etc.) freqüentemente são acrescidas à cocaína já produzida, com a finalidade de aumentar o lucro do tráfico. Mudam os processos de produção, as vias de utilização e os produtos finais, porém em comum a todas encontramos a mesma substância ativa: a cocaína.
Também em comum às diversas formas de consumo temos a Dependência, o uso compulsivo, as complicações em várias áreas de funcionamento do consumidor (família, saúde, ocupação, entre outras), o imenso custo social e de saúde (estimado em até 300 bilhões de dólares norte-americanos por ano, apenas nos EUA), a criminalidade e enfim, a morte.
Utilizaremos, nesta publicação o termo cocaína abrangendo todas as formas de consumo citadas acima, não exclusivamente ao consumo do pó. Vale ressaltar que muitos usuários relatam mais de uma via de administração da droga, freqüentemente citada como: "a que estiver disponível, consumimos". Acrescentaremos, sempre que necessário, as características que diferem as formas nos tópicos abordados

Tipos de drogas

Tipos de drogas


Drogas
Formas de consumo da cocaína
Embora o termo "Crack" venha sendo veiculado há pouco mais de 15 anos, a história do consumo dos produtos da cocaína é bastante antiga. Relatos sobre o uso das folhas do Arbusto (Erythroxylon, natural da América do Sul, mais especificamente encontrado na região Amazônica) são encontrados em tribos peruanas 2000 anos antes do descobrimento de nosso continente. A folha mascada libera baixas doses de cocaína, substância ativa da planta, que promove todos os seus efeitos.
Quais os efeitos imediatos (agudos) do uso da cocaína?
O consumo intranasal de cocaína produz seus efeitos entre 1 e 2 minutos após o uso, tendo duração de 30 minutos, em média. Tanto o uso endovenoso como o fumado produzem efeitos quase imediatos, porém estes se dissipam mais rapidamente (até 10 minutos), muitas vezes obrigando o indivíduo a voltar a utilizar a droga após 5 minutos. Os metabólitos (produtos ou "restos" do uso da substância ativa) podem ser detectados alguns minutos após poucas aspirações (ou injeção), permanecendo por até três dias.
Quais as conseqüências do uso continuado (crônico) da cocaína?
Se os efeitos agudos da cocaína já são perigosos, os efeitos e conseqüências do uso continuado são letais. Suas conseqüências são quase sempre desastrosas sobre a vida do usuário, promovendo prejuízos em suas mais diversas áreas de funcionamento.
Complicações médicas do consumo de cocaína e crack
Podemos dividir as complicações associadas à droga em:
Complicações médicas do consumo de cocaína:
Decorrentes dos efeitos próprios da droga: complicações médicas e psiquiátricas
Decorrentes das substâncias adicionadas à cocaína (adulterantes)
Decorrentes da via de consumo utilizada
Decorrentes do estilo de vida do usuário de cocaína
Uso, abuso e dependência de cocaína
Nem todos os usuários de cocaína tornam-se dependentes da droga. Da mesma forma, nenhum dependente de cocaína, ao iniciar o consumo, tinha a intenção de se tornar dependente da substância. No entanto, não existe um limite nítido entre o início do consumo, o uso continuado e o desenvolvimento dos transtornos decorrentes do uso da droga (principalmente Abuso e Síndrome de Dependência). A experimentação da cocaína se desenvolve sempre em um meio (contexto) social definido, promovendo efeitos estimulantes e euforia pronunciada.
Cocaína e mulheres
Até pouco tempo atrás, pensava-se que todos os dependentes eram iguais e assim formariam um grupo homogêneo. Somente nos últimos 25 anos os serviços de tratamento perceberam a necessidade de identificar subgrupos de dependentes, com a finalidade de ajustar as propostas terapêuticas para cada subgrupo.
Associação entre cocaína e crack e HIV-AIDS
Em 1981 o Centro de controle de doenças norte-americano (CDC) apresentava ao mundo a definição de uma nova patologia: a Síndrome da imunodeficiência adquirida, a AIDS. Casos de morte que esperavam esclarecimento desde 1978 foram diagnosticadas. Pesquisas se multiplicaram, a atenção da opinião pública do mundo ocidental focalizou rapidamente o problema. Em poucos anos, o vírus responsável foi identificado e denominado HIV.
Cocaína e crack entre adolescentes
O período que abrange o final da adolescência até o início da idade adulta é a fase da vida em que existe maior risco para o início do uso de cocaína. A adolescência é considerada uma fase crítica da vida do indivíduo, onde ocorrem diversas modificações internas (características da personalidade) e externas, como por exemplo o surgimento de caracteres sexuais secundários. O indivíduo se afasta dos pais e aproxima-se de colegas e amigos, fazendo uso da "liberdade" conquistada (de forma gradativa ou abrupta).
Cocaína e a família
Familiares compartilham genes que podem contribuir para o abuso de drogas. Isto é verificado na dependência do álcool, quando se observa que gêmeos separados ao nascimento têm grande concordância no diagnóstico de Dependência de álcool quando atingem a adolescência ou a idade adulta. Por outro lado, familiares também compartilham o mesmo meio ambiente, cultura e eventos vitais, havendo a possibilidade da aprendizagem de comportamentos, inclusive de consumo de álcool e drogas.
Tratamento para indivíduos com abuso ou dependência de cocaína e crack
A dependência de cocaína é um transtorno passível de tratamento, ao contrário do que muitas pessoas pensam. Porém é certo que nenhum modelo de tratamento pode ser considerado eficaz para todos os pacientes. Indivíduos que desenvolvem Dependência de cocaína possuem diferentes características e necessidades. Estudos apontam uma boa relação custo-benefício do tratamento; o resultado mais comum dos diversos tratamentos é a redução do consumo nos anos posteriores, bem como a diminuição das atividades ilegais e do comportamentos criminal do dependente.
Bibliografia e créditos

Cocaína e crack
A série "Diálogo" – após as publicações do Guia para a Família e do opúsculo sobre as drogas conhecidas como Cocaína e Crack -, prossegue apresentando obra sobre Aspectos básicos do tratamento da síndrome de dependência de substâncias psicoativas, de reconhecido valor científico e de conhecimento necessário.
Referências relacionadas ao GHB.

Dosagem de GHB
Doses de 10 mg/kg: originam amnésia e hipotonia da musculatura esquelética, que resulta da depressão dos neurónios da medula óssea.
Doses de 20-30 mg/Kg: promovem uma sequência normal de sono REM (“rapid eye movement”) e não-REM (“slow wave”), com uma duração de 2 a 3 horas. Estas doses são usadas no tratamento da narcolepsia para induzir o sono fisiológico.
Ação do GHB no corpo humano (Intoxicações agudas)
Síndrome aguda:Como resultado do aumento de consumo de GHB nos últimos anos, o número de intoxicações agudas têm se elevado. Os efeitos mais freqüentes incluem coma, depressão respiratória, convulsões, bradicardia (diminuição na freqüência cardíaca), sonolência, confusão, amnésia, enxaqueca, náuseas, vômitos, ligeira hipotermia (temperatura corporal do organismo abaixo do normal [-35ºC]), acidose e complicações psiquiátricas (por exemplo: agitação e delírio).
Efeitos do GHB no corpo humano
Nos primeiros instantes de consumo, o GHB eleva o nível de dopamina no cérebro, fazendo com que a pessoa se sinta mais alerta e feliz. Em doses elevadas, geralmente conduz ao coma profundo. Quando consumido junto com álcool ou anfetaminas, conduz à morte por asfixia, desidratação ou hipotermia.
A potência do líquido faz variar os seus efeitos, que geralmente começam a fazer sentir-se 10 minutos após o consumo e podem durar duas a três horas mas efeitos residuais podem permanecer por um dia inteiro.
Maconha: Informações Para os Adolescentes
O Que é maconha? Existem tipos diferentes de maconha?
A maconha é uma combinação de flores e folhas da planta conhecida como Canabis Sativa, e pode ser verde, marrom ou cinza.
Outros termos que as pessoas usam para maconha são: erva, mato, maria, beck, baseado, etc. Só nos EUA existem mais de duzentos nomes diferentes que significam maconha.
A "sem semente" (sinsemilla), o haxixe, o óleo de haxixe e o skank são variações mais potentes da maconha.
Mais Informações Sobre a Maconha
Introdução
Definição
Epidemiologia
Aspectos Clínicos
Etiologia
Psicopatologia
Abuso de inalantes
O abuso de inalantes é a concentração e inalação de produtos comuns encontrados em residências, escritórios e em escolas, inadvertidamente usados como droga.
Saiba mais sobre LSD, PCP, ketamina e outras drogas que distorcem a percepção
Drogas com nomes (de rua) como ácido, pó de anjo e vitamina K distorcem a percepção de como o usuário percebe o tempo, movimentos, cores e sons. Estes fármacos podem prejudicar a capacidade de uma pessoa pensar e de se comunicar racionalmente, ou mesmo de reconhecer a realidade, muitas vezes resultando em comportamento bizarro ou perigoso.
O que são alucinógenos
Alucinógenos são drogas que causam alucinações - distorções profundas nas percepções de realidade. Sob a influência de alucinógenos, as pessoas vêem imagens, ouvem sons, e tem sensações que parecem reais, mas não existem. Alguns alucinógenos também produzem intensas alterações emocionais.
Por que as pessoas usam alucinógenos
As drogas alucinógenas estão presentes na vida humana a milhares de anos. Todas as culturas, dos trópicos ao ártico, têm utilizado plantas para induzir estados de consciência alterada, visões e conhecimentos místicos.
Estas plantas contêm compostos químicos, como a mescalina, psilocibina, e ibogaina, que são estruturalmente semelhantes à serotonina, e produzem os seus efeitos quando alteram o funcionamento normal do cérebro (sistema serotonina).
A metanfetamina, droga mais poderosa que o crack, pode "invadir" o Brasil
O abuso de drogas psicotrópicas sintéticas é um fato na Europa e nos EUA. O Brasil, um país pouco "inovador" nessa área, tem seguido, com um certo atraso, as tendências de abuso de drogas que ocorrem nessas regiões, tanto que o ecstasy, embora já utilizado desde 1980 nos EUA, somente agora começa a ter adeptos brasileiros.
Esteróides Anabolizantes
Esteróides Anabolizantes são drogas fabricadas para substituirem o hormônio masculino Testosterona, fabricado pelos testículos. Eles ajudam no crescimento dos músculos (efeito anabólico) e no desenvolvimento das características sexuais masculinas como: pelos, barba, voz grossa etc. (efeito androgênico).
São usados como medicamentos para tratamento de pacientes que não produzem quantidade suficientes de Testosterona. Os principais medicamentos esteróides anabolizantes utilizados no Brasil são: Durasteton® , Deca-Durabolin® , Androxon®.
Ópio, Opióides e Morfina
É um líquido leitoso que escorre de uma planta quando nela fazemos um corte. Esta planta chama-se Papaver somniferum, popularmente conhecida como papoula do oriente. No ópio existem muitas substâncias que dele podem ser extraídas, como a morfina e a codeína.
Êxtase: MDMA ou 3,4 metilenodioximetanfetamina
Êxtase é uma substância que foi fabricada pela primeira vez em 1914 para ser usada como moderador de apetite (remédio para emagrecer). Hoje em dia, as pessoas costumam fazer uso dessa droga para sair a noite (sair na balada), seja em festas rave (festas geralmente em locais abertos e afastados onde se toca música eletrônica) ou em boates e clubes. Ela é uma substância chamada MDMA (sigla para um nome bem grande: 3,4 metilenodioximetanfetamina). Porém cada comprimido de êxtase possui quantidades variáveis de impurezas como MDA, MDEA, cafeína, efedrina, etc.
Drogas Estimulantes (Anfetaminas)
Como sugere o termo, são de substâncias que aceleram (estimulam) a atividade do Sistema Nervoso Central (cérebro), que passa então a funcionar mais rapidamente. A pessoa então anda mais, corre mais, dorme menos, fala mais, come menos, etc.
LSD: Dietilamida do Ácido Lisérgico (LSD 25)
LSD25 (abreviação de dietilamida do ácido lisérgico) é uma substância que lembra outras substâncias presentes em um cogumelo a Claviceps purpurea. Embora tenha estrutura química semelhante ele não é produzido (sintetizado) pelo cogumelo e, sim, é fabricado em laboratórios. Portanto, o LSD25 é uma substância sintética (fabricada em laboratório) e não uma substância natural (fabricada ou sintetizada por uma planta).
Calmantes e sedativos
Sedativo é o nome que se dá aos medicamentos capazes de diminuir a atividade de nosso cérebro, principalmente quando ele está num estado de excitação acima do normal. O termo sedativo é sinônimo de calmante ou sedante.
Anticolinérgicos
São plantas e substâncias sintéticas que possuem em comum uma série de efeitos no corpo humano. Entre as plantas temos as popularmente conhecidas como Saia Branca, Lírio, Trombeta, Trombeteira, Zabumba, Cartucho, Estramônio, entre outras. São plantas do gênero Datura e que produzem duas substâncias a atropina e a escopolamina, que são as responsáveis pelos efeitos.
Solventes e inalantes
Solventes são substâncias capazes de dissolver coisas. Via de regra todo solvente é uma substância altamente volátil, isto é, que se evapora facilmente, daí é que pode ser inalada (introduzida no organismo através da aspiração, pelo nariz ou boca). Outra característica da maioria dos solventes é a de serem inflamáveis, isto é, pegam fogo facilmente.
Tranqüilizantes ou ansiolíticos
São medicamentos que têm a propriedade de atuar sobre a ansiedade e tensão. Estas drogas foram chamadas de tranqüilizantes, por acalmarem a pessoa estressada, tensa e ansiosa. Atualmente, prefere-se designar esses tipos de medicamentos pelo nome de ansiolíticos, ou seja, que "destroem" (lise) a ansiedade. Também são utilizadas no tratamento de insônia e nesse caso também recebem o nome de drogas hipnóticas, isto é, que induzem sono.
Abandono do Tabagismo na Prática Clínica

Tabaco
O Tabaco é uma planta cujo nome cientifico é Nicotiana tabacum, da qual é extraída uma substância chamada nicotina, seu princípio ativo. Mas no tabaco encontramos ainda um número muito grande de outras substâncias algumas muito tóxicas, como por exemplo terebentina, formol, amônia, naftalina, entre outras.
Quais as formas de uso do tabaco?
As modalidades mais comuns de uso do tabaco são fumar ou inalar através de cigarro, charuto, cachimbo, rapé e mascar o assim chamado tabaco de mascar.
GHB: Efeitos do ácido gama-hidroxibutírico (Ecstasy liquido)
O que é GHB e seus análogos?
O GHB é um poderoso depressor do sistema nervoso central, que o corpo humano produz em pequenas quantidades. Uma versão sintética de GHB foi desenvolvida em 1920 1, 2.
Maconha
A maconha é o nome dado aqui no Brasil a uma planta chamada cientificamente de Cannabis Sativa. Em outros países ela recebe diferentes nomes. Ela já era conhecida há pelo menos 5.000 anos, sendo utilizada quer para fins medicinais quer para "produzir risos". Talvez a primeira menção da maconha na nossa língua tenha sido um escrito de 1.548 onde está dito no português daquela época: "e já ouvi a muitas mulheres que, quando iam ver algum homem, para estar choquareiras e graciosas a tomavam".
Cocaína.
A cocaína é uma substância natural, extraída das folhas de uma planta que ocorre exclusivamente na América do Sul: a Erythroxylon coca, conhecida como coca ou epadú, este último nome dado pelos índios brasileiros.

Causas e consequências da dependência química

1-1 DEPENDÊNCIA:
- é o uso + problemas + (com) abuso + continuidade = gera a dependência, tornando uma doença incurável - progressiva - fatal - multifacetada- é uma doença complexa, com causas e conseqüências de ordem bio/psico/social.
1-2 ESTATÍSTICAS
Legalmente os impostos arrecadados com bebidas alcoólicas é de 2,5% do PIB e os custos dos tratamentos de DQ é de 5,2% do PIB. Não existe estatística precisa dos custos dos acidentes e/ou intercorrências provocadas pela drogadição. Provável pré-disposição orgânica gerada pela hereditariedade; chance de 10% de a população ser dependente; chance de 52% dos gêmeos idênticos e de 27% dos gêmeos fraternos ser dependente.
3 CULTURALMENTE cercada de mitos e preconceitos
4 DROGADIÇÃO
4-1 uso e abuso (RACIONALIZAÇÃO):
- eu uso porque ela existe; porque tenho acesso fácil ou difícil, mas tenho; porque convidado a usar pela atração exercida pelos meios - familiar, comunicações [curiosidade]; cultural [pelo comportamento do grupo, os homens são sem dúvida mais unidos que as mulheres, portanto não vai deixar de usar a droga quando oferecida, para não demonstrar uma desfeita e correr o risco de ser isolado/ expulso do grupo] dados apresentados pelo Psiquiatra Gaiarsa.- o abuso aparece na fase da dependência- o abuso de droga altera a sua imagem, sem que o dependente perceba.
4-2 tolerância
- o nível de tolerância é a quantidade introduzida- o gostar de um tipo de droga é por ter atributos [líquida/aroma/sabor/refrescante/cor/etc.]- a tolerância da droga diminui na fase da dependência.
4-3 efeito
- efeito bifásico no uso do químico, na la fase estimula e/ou bem estar e na 2a fase deprime- a droga e a ligação com o usuário poderá a tornar-se dependente de uma droga pela conseqüência do efeito que ela oferece - quero ficar muito maluco /down /alivio imediato, ou ainda ampliar e continuar o comportamento- o efeito da droga depende: do usuário, quantidade/concentração, via de uso, as condições ambientais, a atividade exercida [velório, festa], etc.No tocante a quantidade/concentração - álcool somente não é usado como anestésico, por ser grande a dosagem, podendo chegar ao coma alcoólico e passado o efeito à indisposição orgânica ser desagradável.O efeito da cocaína é apreendido pela quantidade utilizada, já a concentração de pureza é inteiramente questionável, possivelmente poderá levar o DQ a uma overdose.
4-4 síndrome de abstinência
Síndrome é o conjunto de sinais e sintomas. Abstinência é a falta/ausência/diminuição/parada. Sendo aguda e aparece em horas/dias. Sendo demorada/tardia e aparece após meses/anos. Obs. - o álcool/cocaína são hidrossolúvel [eliminada em horas e vestígios de 1 a 2 dias] e a maconha é lipossolúvel [a droga se deposita na gordura e demora de 10 a l5 dias a ser eliminada e por esse motivo a síndrome é muito severa e prolongada]. Dependência da droga na forma psicológica e na forma física é a síndrome de abstinência, que é um termo/frase de fácil entendimento popular Dependência psicológica é vista como obsessão, ocorre na mudança da emoção, os sinais/sintomas são:
-Emocional ansiedade [o DQ é o dobro ansioso que a média da população], alteração do humor [mudança brusca comportamento], agressividade, angústia, irritabilidade, tensão, desorientação no tempo e no espaço, paranóia [medo, perseguição, pânico], depressão primária [o DQ gera problemas iguais ao doente psiquiátrico depressivo], convulsões.-Memória confusão mental, concentração, raciocínio, lapsos de memória, crise de identidade.-Sono alterado [insônia ou sono pesado], sonhos aumentados [onde as angústias são resolvidas à fabricação de coisas boas e a esperança de acontecer], pesadelo [geralmente com a drogradição]Dependência física é vista como compulsão, ocorre a mudança física, os sinais/sintomas são:-sudorese [suor aumentado], cefaléia [dor de cabeça], dores musculares, câimbras, tremores, fadigaoscilação pressão arterial [alta ou baixa], taquicardia [coração acelerado], febre, náuseas e vômitos, diarréia ou intestino preso, falta de apetite, alucinações/delírios.
4-5 benefícios x problemas
- no início do uso de droga tenho prazer [me deixa legal/solto] e/ou alívio imediato.- ela traz benefícios, fornece ao homem o triângulo - o poder + o prestígio + sexo [como consigo fazer mais fácil as tarefas no trabalho e sou admirado pela minha competência]- os problemas são sinalizados pelas perdas materiais/moral/legal e seqüelas psico/físicas.
5 PROGRESSÃO DAS FASES DA DOENÇA/DROGADIÇÃO
-Primeira - uso normal, tolerância normal, benefícios, problemas-Segunda - uso médio, tolerância média, benefícios, problemas médios-Terceira - abuso, tolerância alta, síndrome abstinência aparece, benefícios inexistentes, problemas grandes-Quarta - uso menor, tolerância mínima, síndrome abstinência crônica e violentas, benefícios inexistentes, problemas gravíssimos/morte.
5-1 teste CAGE [sigla em inglês]
Para a avaliação da dependência, se respondido com três sim há indícios da doença.C de cat = cortar, pergunta; precisou cortar a bebida, resposta: preciseiA de annoyed = perturbado/chateado, pergunta: quando fica perturbado, resposta: simG de guilty = culpado, pergunta; quando bebe sente culpada resposta: simE de eye = olho/ver no interior de si, pergunta: você tentou diminuir o uso, resposta: sim.
5-2 roteiro para compreensão da doença
-facilitadores - ambientes/pessoas que favorecem o uso-aceitação de ajuda - o DQ pede ajuda objetiva ou subjetiva, ou é oferecida-outras perdas/seqüelas - perda material/moral e as seqüelas são físicas-afetividade - o relacionamento consigo [sentimentos] e com as pessoas/objetos-progressão das fases da doença - esta na 3a ou na 4a fase-mecanismos de defesas - o DQ se defende em quase todas as situações-promessas e tentativas de parar - desconhecimento da doença e de apoio qualificado-situações constrangedoras - cenas desagradáveis/moral atingida-comportamentos irresponsáveis / insanidades - roubos, não assumir responsabilidades-isolamento - cria situações de distanciamento pessoas/lugares, o ato de drogar-se-alteração do humor - mudança brusca de comportamento.
5-3 causas e conseqüências da doença
Ocorre às modificações dos valores da sua vida através do avanço da doença.Crise de identidade, não tem os seus valores de vida, na falta procura retorná-los encontra dificuldades, não consegue e volta a usar droga.Valores é organização, confiança, pontualidade, diálogo, solidariedade, humildade, dignidade responsabilidade, dedicação, respeito, discernimento, disciplina [responsabilidade das minhas coisas, cumprir tarefas é começar e terminar, assumir compromisso por menor que seja] sinceridade/honestidade [se não estou sendo sincero/honesto comigo não vou ser com o outro] dificuldade é de não saber lidar com a complexidade da vida, ou seja, de lidar com os pontos.
5-4 DOR OU PROBLEMA + DROGA = ALIVIO IMEDIATO + DOR FUTURA
DQ usa droga para fugir do problema [dor], ou vice-versa, pessoa problemática usa droga.Porque o que foi apreendido é se de que eu NÃO suportar a dor [problema], uso droga e tenho o alívio imediato, e esse é o processo de continuidade que gera a dependência química.
5-5 CULPA/VERGONHA pelo USO DA DROGA CULPA/VERGONHA coloco RESPONSABILIDADE pelo USO DA DROGA coloca TRATAMENTO
Na doença da dependência química não tem culpado, somente responsável, a culpa termina nela própria e a responsabilidade começam nela própria.Família do DQ tem culpa/ vergonha e é o que altera a imagem social e psicológica.Responsabilidade começa e remete ao compromisso no planejamento e no trabalho de uma vida nova para ser feliz, e não somente de parar com a droga e sim para ser feliz em todos os pontos da vida.Responsabilidade da família e do dependente é pelo tratamento/recuperação da doença que é em:- vontade de parar de sofrer;- apoio qualificado;- aceitação da doença e de mudanças [compromissos], pois sem mudança volta a usar droga.
5-6 tratamento e recuperação
DROGA = PODER + FRUSTRAÇÃO + RAIVA + DEPRESSÃO + AUTOPIEDADE É = + DROGA
12 PASSOS = EQUILÍBRIO = ACEITAÇÃO = SERENIDADE = CORAGEM = HUMILDADE
No primeiro tópico aparece o processo de causa/conseqüência da drogadição, no segundo tópico aparece o processo de tratamento/recuperação, que são sugeridos nos 12 passos de
AA/NA: - 1o passo -
eu não posso, eu não quero, rendição é ser honesto diante da droga/mau viver, aceitação [1o identificar as perdas e aceitar a lutar a partir do que sobrou, 2o identificar os mecanismos de defesa e 3o aceitação de que é uma doença incurável].
- 2o passo -
alguém pode, fé, acreditar no poder superior, melhorar auto estima, valorizar as pequenas mudanças, devolver a sanidade é devolver o domínio da vida. Insanidade - é a Inabilidade de dirigir os assuntos/desempenhar seus deveres sociais, e ainda não reconhecer a sua própria doença e o rastro de destruição deixado pela drogadição.
- 3o passo -
se eu deixar, preencher o vazio deixado pela drogadição com o poder superior, lidar com a ansiedade [o que eu vou fazer amanhã], lidar com o real [eu sou assim] e com irreal [que posso] lidar com as limitações [não ser mais que eu sou].
- 4o passo -
encontro de EU + EU, tirar os fatos desconfortantes, vejo valor de liberdade.
- 5o passo -
mostrar como eu sou para EU + OUTRO + DEUS, os sentimentos, mecanismos de defesa, medo do desconhecido, objetivo de trabalhar a honestidade, humildade, responsabilidades, identificar/reconhecer e ratificar os comportamentos doentios e perdas.
- 6o passo -
EU + DEUS. Estou pronto para efetuar as mudanças [sim a substituição/não ao adiar]
- 7o passo -

DEUS + EU. Implorar para efetuar as mudanças [não a infidelidade]. Identificar/reconhecer atitudes/ comportamentos conseqüentes dos defeitos/imperfeições e os decorrentes da drogadição.
- 8o passo -
autoconhecimento, realizar a lista das situações/nomes dos prejudicados e lembrar que os prejudicados de hoje serão os desestruturados de amanhã.
- 9o passo -
ato de perdão a outro. Não existe reparação sem justiça.
- 10o passo -
hoje me reparar. Se eu não colocar respeito/honestidade comigo, os outros vão agir igual a eu. Das situações tenho o lado positivo e negativo. A vontade dura 3 minutos, mas a fantasia aumenta e se droga [a vontade é de um poder superior]. A recaída emocional é pela manipulação.
- 11o passo-
realizar o 2o e 3o passos diariamente.
- 12o passo-
levar a mensagem doar-se, a gratidão, pois quando você chegou tudo estava pronto.

Prevenção: mantendo seus filhos longe das drogas.


Prevenção: dicas para os pais manterem seus filhos longe das drogas.
O abuso de drogas é um problema prevenível e a adicção é uma doença tratável.
Acreditar que somente as autoridades têm o poder ou obrigação de proteger nossa família poderá colocar nossos filhos em risco.
Somente assumindo nossa posição de pais poderemos diminuir o acesso às drogas.
Os filhos que ouvem os pais falarem sobre os riscos das drogas, embora não estejam totalmente imunes, estarão muito mais seguros do que filhos que não vêem (ou não sentem) os pais se preocupando.
Uso e abuso de drogas na adolescência: o que se deve saber e o que se pode fazer
Os autores levantaram os dados mais recentes sobre o consumo de álcool, fumo e outras drogas mais comuns no Brasil, concluindo que o álcool e o fumo são as substâncias mais usadas e abusadas entre os adultos.
Entre os estudantes de 1º e 2º graus,
Fatores protetores e de risco associados ao uso de drogas na adolescência
O uso de substâncias psicoativas para alterar as percepções, os sentimentos ou o comportamento é comum entre os jovens: estudos desenvolvidos em todo o mundo indicam que 50% a 80% das crianças em idade escolar usam drogas lícitas ou ilícitas com propósitos recreacionais.
O entendimento das características do uso entre os jovens e dos fatores de risco pode auxiliar na prevenção, principalmente da evolução do uso experimental para o quadro de abuso e/ou dependência, evitando pior prognóstico.
Prevenção: 10 regras para os pais.
O Dr. Robert Du Pont, ex-diretor do Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos Estados Unidos, recomenda 10 Regras para os pais:
Loucura do baseado revisitada: maconha e psicose
Enquanto os EUA se mantêm firmes em sua crença de que o uso de maconha não deve ser absolutamente tolerado, outros países na ''Velha Europa'', como a Holanda, Inglaterra, Suíça e Portugal, bem como alguns estados da Austrália e do Canadá, adotaram passos na política de diminuir as penalidades para a posse de maconha. Esses movimentos estão sendo interpretados por muitas pessoas, especialmente os jovens, como dando luz verde ao uso da maconha.
Adolescência e Drogas I
Se por um lado o mercado das drogas está em crescimento, por outro lado está cada vez menor a faixa de idade dos adolescentes que entram nesse submundo. Para entendermos um pouco mais o porque de cada vez mais jovens estarem envolvidos em drogas, precisamos antes falar sobre as modificações que ocorrem numa fase da vida pela qual todos nós passamos: a adolescência. Uns conseguem vivê-la sem problemas significativos, porém todos a vivem (ou viveram) com conflitos.
Adolescentes: Geração em perigo
Pode-se dizer que a adolescência é uma fase complexa e turbulenta. Nos deparamos com uma imensa gama de incertezas, inseguranças, mudanças de conceitos, mudanças físicas, mental e muitas vezes social. Isso tudo adicionado a cobranças da família, que exige uma determinada postura, além das influências do meio externo.
Adolescência e drogas II
“Eles precisavam morrer?”
Essa pergunta foi feita na capa da revista brasileira Veja. Junto com a pergunta havia fotos de jovens de aparência jovial e normal que haviam morrido — vítimas do abuso de drogas.
A Inserção do Psicólogo no Trabalho de Prevenção ao Abuso de Álcool e Outras Drogas
Resumo: O presente trabalho discute a inserção do profissional de Psicologia no trabalho preventivo ao uso de álcool e outras drogas. Analisa os dados epidemiológicos disponíveis sobre o consumo de drogas no Brasil, que caracterizam o uso abusivo de álcool como um grave problema de saúde pública em nosso país.

Plano de prevenção à recaída:


1. Estabilização
Voltar ao autocontrole e ao meu comportamento
Estabilização: antes de fazer o plano de prevenção de recaída deve-se estar no controle de si mesmo.
Estabilização significa reconquistar o controle dos pensamentos, emoções memória, julgamento e comportamento após ter recaído. E uma hora de crise para o adicto e sua família. A recaída quebrou sua vida. E normal que a pessoa se sinta assustado, zangado, desapontado e culpado. O adicto precisa de ajuda. Precisa se voltar para pessoas em quem confia e de que depende e que pode ajudar a tomar os passos necessários para estabelecer sua sobriedade.
Se for incapaz de manter um controle consistente de seus pensamentos, emoções e comportamentos deveriam consultar um consultor profissional ou centro de tratamento. Pode precisar de ajuda profissional para conseguir se estabilizar.
2. Avaliação
Precisa entender, com a ajuda dos outros, o que ocasionou o episódio de recaída.
Avaliação: O segundo passo do plano de prevenção de recaída é descobrir o que ocasionou a recaída. Isto é feito revisando a historia de uso de químicos, assim como os sinais de aviso específicos e sintomas que ocorrem durante tentativas de conseguir abstinência.
Esta informação fornecerá indícios do que foi feito errado e o que pode ser feito diferente para melhorar suas chances de sobriedade permanente. Lembre-se que seu passado é seu melhor professor. Se você falha em aprender com seu passado, você é condenado a repeti-lo.
3. Educação
Preciso aprender sobre o processo de recaída e como preveni-lo.
Educação — para prevenir recaída é preciso entendê-las. Quanto mais informações possuir sobre adicção, recuperação e recaída, mais ferramentas você terá para manter sobriedade.
É necessário entender os sintomas de abstinência demorada o que lhe coloca num alto risco de desenvolvê-la, o que pode acioná-la o que se precisa para preveni-la o lidar com ela.
Deve familiarizar-se com os sinais de aviso e ser capaz de dar exemplos deles e coloca-los nas próprias palavras para ter certeza de entendê-los. Você já começou o processo de educação lendo este livro. Mas somente ler não é suficiente; Os conceitos apresentados neste livro precisam ser revisados e discutidos com outras pessoas. Um consultor em dependência química credenciado deveria estar envolvido em ajudar a rever este material. Se isto não for possível, o padrinho no A.A. ou outro adulto que leu este livro e não tem um problema de dependência química pode lhe ajudar a rever e aplicar esta informação.
Lembre-se, o programa de educação não está completo ate que o adicto seja capaz de aplicar honestamente francamente a informação que aprendeu da própria vida e das atuais circunstancias da mesma. Adicção é a doença da negação. Sem o envolvimento de outros, no processo de educação, a negação pode impedi-lo de reconhecer o que acontece realmente.
4. Identificação dos sinais de aviso
Preciso identificar os sinais de aviso que me dizem que tenho problema com minha sobriedade.
Toda pessoa tem um conjunto pessoal e único de sinais que indicam que o processo de recaída esta acontecendo. Estes são sinais para o próprio e para os outros que existe processo de recaída, ou desenvolvimento de outros sintomas. Identificação dos sinais de aviso é o processo de identificar os problemas e sintomas que podem levar a recaída. Problemas podem ser situações internas ou externas ao adicto.
Sintomas podem ser problemas de saúde, problemas de pensamento, problemas emocionais, de memória ou de julgamento e comportamento adequado. E preciso desenvolver uma lista de sinais de aviso pessoais ou de indicações de que pode estar em perigo. A lista de avisos deve ser desenvolvida de experiências das recaídas passadas.
Da lista de sinais escolha cinco que se aplicam ao adicto. Coloque-os nas próprias palavras do adicto e escreva uma declaração sobre cada um que descreva sua própria experiência. Você precisa ter uma lista de indicadores e especificar o que esta saindo de uma vida produtiva e confortável, para começar a se mover para a recaída.
5. Administração dos sinais de aviso
Preciso ter planos concretos para prevenir e parar os sinais de aviso.
Administração dos sinais de aviso: cada sinal de aviso na verdade é um problema que precisa prevenir ou resolver desde que acorra. Se você quer evitar um problema, precisa revisar cada sinal de aviso e responder a questão: Como posso evitar que este problema aconteça?
É necessário lembrar que adicção é uma doença com tendência á recaída. Isto significa que qualquer adicto em recuperação terá uma tendência a experimentar problemas ou sinais de aviso que podem levar-lo de volta ao uso aditivo.
Uma vez que se saiba e aceite este fato, pode-se planejar o inevitável. Haverá problemas e sinais de aviso de recaída. Se você quer evitar a recaída você precisa ver todos os sinais de aviso que experimentou no passado e formular um plano para lidar com eles. É essencial que se estabeleçam novas respostas para identificar sinais de aviso de recaída. Determinar o que se ira fazer quando reconhecer que um sinal de aviso está acontecendo em sua vida. Como pode ser interrompida a síndrome de recaída? Que ação positiva pode se tomar que removera o sinal de recaída? Liste varias opções ou possíveis soluções para remover o problema. Listar várias alternativas dará mais chances de se escolher solução e dar alternativa se a primeira escolha não funcionar. Escolha uma opção razoável que pareça oferecer a melhor possibilidade de interromper o processo de recaída. Esta será a resposta nova quando perceber um sinal de recaída em particular.
Pratique cada nova resposta até se tornar um hábito. Se a nova resposta estiver disponível para na hora de stress alto, haverá a necessidade de praticá-lo na hora em que o stress estiver baixo.
Pratique e pratique até que a resposta torne-se um hábito. Se a resposta nova falhar para interromper o sinal de aviso, estabeleça um plano novo mais efetivo.
Não se pode permitir aditar um plano para interromper os sinais se eles ocorrerem. Se não se possuir um plano, não será capaz de interrompê-los quando ocorrerem.
6. Treinamento do inventário
Preciso fazer um inventário duas vezes por dia para que possa perceber os primeiros sinais de problemas e corrigir os problemas antes que fiquem fora de controle.
Treinamento do inventario: Qualquer programa de recuperação com sucesso envolve um inventaria diário. O 10o. Passo do A.A. lembra-nos que devemos continuar a fazer um inventário pessoal e quando estivermos errados admiti-los prontamente. Um inventário diário é necessário para ajudar a identificar os sinais de aviso de recaída antes de a negação ser reativada. Qualquer sinal de recaída e ser o porquê pode ser o primeiro passo para voltar a beber ou ter colapso emocional e físico. Sem um inventario diário o adicto irá ignorar os sinais iniciais, e então será incapaz de interromper a síndrome da recaída quando se torna mais aparente.
Para um plano de prevenção de recaída é necessário projetar um sistema de inventário especial que monitora os sinais de aviso de uma recaída em potencial.
Desenvolva unia maneira para incorporar este sistema de inventaria na vida no dia-a-dia. Agora você tem uma lista dós sinais de aviso pessoais. Como você vai determinar se algum destes sintomas for ativado em sua vida?
Para que um inventado diário se torne um habito, recomendamos que se estabeleçam dois rituais para o inventado diário. O primeiro deveria ser pela manhã. Abra um espaço de 5 a 10 minutos para ler a meditação no livro 24 horas e fazer um resumo de seus planos para o dia. Pergunte-se se você está preparado para este dia e o que você pode fazer que lhe ajude fisicamente e emocionalmente a enfrentar os desafios do dia e manter uma sobriedade confortável. O segundo ritual de inventário dever ia ocorrer á noite. Reveja as tarefas do dia, identifique o que você manuseou bem e o que precisa melhorar.
Que forças você usa para enfrentar os desafios do dia? Como você pode reforçar e aumentar sua força? Que fraqueza ficou aparente e como você pode corrigir os defeitos e melhorar nestas áreas?
Olhe cuidadosamente na sua lista de sinais de recaída pessoal. Alguns deles estão presentes em sua vida? O que você esta fazendo para corrigir estas situações? Existem outros sinais de aviso que podem ser acrescentados a sua lista?
Pode ser útil manter um diário para rever seu progresso na recuperação e para acompanhar os sinais de recaída. Isto ajudara a ver que você se esta fazendo progresso na recuperação progresso porque lutamos. Afinal, não por perfeição.
Apenas saber quais são os seus sinais de aviso não irão necessariamente lhe ajudar. Lembre-se que os sinais de recaída se desenvolvem inconscientemente. Você não sabe que eles estão acontecendo. Um inventário é uma maneira para rever conscientemente o que acontece no dia. Através de um inventário feito duas vezes1 de manhã e á noite é possível perceber os sinais de recaída, e fazer algo para pará-los antes de perder o controle.

Os 12 passos e a recuperaçã.

Os 12 passos e a recuperação.
Primeiro passo
O primeiro passo de Alcoólicos Anônimos (A.A.) e Narcóticos Anônimos (N.A.), de Naranon e Alanon, diz:
Admitimos que éramos impotentes perante o álcool/ adicção/ pessoas, que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.
O adicto é impotente diante das suas emoções, diante da sua droga. O alcoólatra é impotente diante do álcoolO familiar é impotente diante do seu adicto..., e, além disso, eu (alcoólatra, adicto ou familiar) tenho que perceber que sou impotente não somente diante das coisas, mas também diante da minha família, diante o trânsito, diante dos preços, diante da outra pessoa que trabalha comigo...
Então nesse primeiro passo nós temos que de alguma forma eliminar os mecanismos de defesa. E que mecanismos são estes? São mecanismos que protegem o nosso eu, porque enquanto o familiar não fizer o primeiro passo, enquanto o adicto, alcoólico não fizer o primeiro passo, o que vai acontecer? Ele vai sempre se perguntar: Onde foi que eu errei para que isso começasse comigo? Onde foi que eu errei para que eu tivesse um familiar usuário de álcool e outras drogas? Onde foi que eu errei? E na realidade não houve erro nenhum.
Hoje existe um capítulo do CID (código internacional doença) que fala somente sobre transtornos mentais provocados por álcool e drogas. Aqui se qualquer médico do Brasil encaminhar um paciente usuário e cocaína para tratar-se no Japão e o médico japonês não conhecer nada da língua portuguesa este medico vai olhar o número da doença classificada no CID e vai tratar como usuário de drogas/cocaína.
Não é uma sem-vergonhice, a sem-vergonhice não trás síndrome de abstinência, eu nunca vi ninguém por sem-vergonhice entrar em delirium tremes, eu nunca vi por sem-vergonhice alguém entrar num quadro compulsivo, então é uma doença física, uma doença mental de fundo emocional, e é uma doença de relacionamento, que dentro dos grupos nós chamamos de doença espiritual.
O que é espiritualidade para mim dentro dos grupos? Há uma definição para espiritualidade, que eu encontrei do Prof. Caldas Auletti, no dicionário de definições de 1956: Espiritualidade é a qualidade do relacionamento com quem ou com o que é mais importante na minha vida. Então a todo momento eu tenho que estar me perguntando : O que é mais importante para mim na minha vida? Agora o que é mais importante para mim na minha vida? Estar passando algum conhecimento para vocês. Se estiver no trânsito, o que é mais importante para mim na minha vida? Pensar no trânsito. Então espiritualidade é isso: É a qualidade do relacionamento com quem ou com o que é mais importante na minha vida. E esse é o problema que N.A. / A.A. traz, que ALANON / NARANON traz.
Com esse primeiro passo, com essa rendição eu começo a ter um contato maior comigo. Eu elimino a negação, eu elimino a minimização: Ele quando está usando... Não mais usa / uso só no final de semana. Mais o final de semana para ele começa na segunda-feira, não é? Ele usa a semana inteira. Então o familiar chega e diz: mais ele é um amor sem álcool e droga, ele é um amor de pessoa, mas... Quando é que se encontra ele sem álcool e drogas? Difícil não é?
Esse processo de negação, esse processo de minimização, esse processo de projeção (atribuir a outros uma coisa ou responsabilidade que é sua) dá suporte para que os familiares digam: ele se droga por causa das companhias. Eu estou em recuperação há 16 anos e acreditem-me nunca conheci alguém que para começar a usar drogas precisou ser amarrado, ninguém mesmo; ele começou a usar drogas por curiosidade, para fazer parte de um grupo, para desafiar pai e mãe ou a autoridade de alguém, enfim por outras razões, menos essa de ser amarrado.
Outra coisa, o protecionismo familiar. A família não consegue deixar seu ente querido "quebrar a cara", quebrar a cara que eu digo é no bom sentido, deixa ele aprender um pouco com a vida, se não aprender pelo amor vai aprender pela dor; nós temos que praticar um desligamento emocional, um desligamento com amor, um desligamento dos problemas da pessoa e não o desligamento da pessoa.
Isso acontece também com o adicto, com o alcoólatra, que muitas vezes tem que se desligar da chatice que continua sendo o familiar que está fora de uma programação, que não aceita uma ajuda e que responde da seguinte forma: Não... Quem bebe é ele... Quem se droga é ele, o problema é dele!
Segundo passo
Após quebrar todas essas negações/mecanismos de defesa, nós temos que dar um segundo passo, que é justamente um passo relacionado com a auto-estima.
Não sei se vocês já perceberam que nos passos de A.A. / N.A., eles promovem o dependente e o familiar. Por que o familiar deixou ter nome, não é? Não é mais fulano de tal ou o cicrano de tal, é aquela louca mãe de fulano. O D.Q. deixou de ter nome: é o pipador, o bombeiro, o nóia, o pudim de cachaça... Ele deixou de ter nome, na rua quem bebe, bebe porque é sem vergonha; quem se droga se droga por que é marginal, essa é a nossa realidade. Dentro dos passos de AA / NA existe uma promoção.
O segundo passo diz: Viemos a acreditar que um poder maior do que nós poderia devolver-me a sanidade, ou a saúde. Nós só podemos devolver a saúde para quem? Para quem não há tem, quem não tem saúde é um doente, isso faz parte da sabedoria popular. Em 1935 a organização americana de saúde considerou o alcoolismo como doença, em 1977 a OMS (organização mundial saúde) considerou a dependência química como doença, dependência de outras substâncias que alteram uma ou mais funções no cérebro.
Então 30 anos antes da medicina o A.A. entrou com a sabedoria popular, então ele é promovido de sem vergonha para doente, de marginal para doente, de louca para doente. Por que nós não podemos aproveitar essa promoção e agarrar isso de todas as formas para que a gente possa ter um outro direcionamento de vida?
Porque a pergunta que se faz: onde foi que eu falhei para que acontecesse isso comigo? Onde foi que eu errei para que não pudesse controlar o álcool ou a droga? Aí começo a atribuir: bem não consigo controlar porque estão misturando alguma coisa na cachaça, não consegui controlar porque a droga não é pura.
Na realidade é um processo orgânico, chamado tolerância, esse processo orgânico simboliza o seguinte: hoje para você obter determinado efeito você toma uma dose, amanhã para obter o mesmo efeito você tem que tomar duas doses, depois de amanhã três doses, isso é chamado de tolerância.
No momento em que se instala a dependência a tendência dessa tolerância é de queda. Muitas vezes você vê isso no alcoólatra: ele está trêmulo de manhã, tomou uma... Passa a tremedeira, mas também fica ruim, chapado. Eu conheci pessoas que morreram de over-dose e que não chegaram a usar uma grama de cocaína.
Então existe todo esse processo físico de tolerância, essa tolerância pode ser simbolizada por um pico ascendente de consumo e quando se instala a dependência, a tolerância vai caindo; pois da fase de uso inicial até a instalação da dependência existe o prazer físico, mas a partir do pico mais alto será só a manutenção da dependência, onde o D.Q. vai usar para não experimentar a síndrome de abstinência.
E o que é síndrome de abstinência? É o desconforto causado pela ausência da droga/álcool, podendo variar de insônia, tremores, alucinações até morte neuronal.
E se tratando de uma doença eu tenho que estar atento a questão da auto-estima, não houve falha nenhuma, não houve erro nenhum de minha parte e sim a predisposição orgânica em desenvolver a tolerância pela droga / álcool que culminou com a instalação da dependência. Esse processo é um processo seletivo. Existem estudos científicos que comprovam a existência de um componente genético nesse processo.
Então para isso eu preciso voltar a acreditar num Deus, acreditar em mim, num Deus que eu digo seria um poder superior a nós, porque aí entram também os papéis que nós vivemos dentro da dependência. Nós vivemos um papel muito comum, nós não vivemos o papel de Deus, nós vivemos o papel de irmão de Deus, tanto o D.Q. quanto o familiar; o familiar "chega perto de Deus e bate no ombro de Deus e diz": Deus tira ele do meio daquelas companhias que está levando ele para o buraco; dando conselhos a Deus na cara dura, ou não? O dependente é a mesma coisa, chega perto de Deus e diz: Deus modifica minha mãe, meu pai, modifica fulano, Deus me ajuda arrumar dinheiro, eu estou sem dinheiro para pagar o bar, o traficante; sempre dando conselhos a Deus; tanto o DQ quanto o familiar. É esse o papel que nós temos que abandonar para podermos caminhar com nossas próprias pernas e aí entra o...
Terceiro passo
O terceiro passo é um passo de decisão. Só que a partir de agora nós não podemos tomar uma decisão, somente uma decisão isolada, nós temos que tomar uma decisão em conjunto com uma ação, porque se não nós vamos ficar parados da mesma forma que nós estávamos há algum tempo atrás.
Eu decidi um monte de coisas e não coloquei nada em prática, tanto o D.Q. quanto o familiar..., é aquela história: amanhã eu paro..., amanhã eu faço. Para aqueles que estão dentro da programação de A.A. / N.A., NARANON / ALANON, o terceiro passo é isso: tomar uma decisão é colocar em ação, aquilo que eu posso fazer hoje, eu faço, o que eu não posso eu vou colocar no meu arquivo e deixar para quando chegar o momento. O terceiro passo é uma forma fácil de trabalhar a ansiedade..., se deixar a ansiedade um pouquinho de lado para ver qual é a nossa realidade.
A realidade do familiar é que ele tem um elemento / pessoa doente dentro de casa que precisa de ajuda, a realidade do familiar e que ela está tendo comportamentos que não são próprios de uma pessoa da idade dela e que ela familiar precisa de ajuda também. A realidade do dependente é que eu / ele precisa de ajuda, e nessa hora eu não posso escolher a cor da bóia, eu estou me afogando e não sei nadar. Se jogarem uma bóia branca em digo, não eu não quero a bóia branca, eu quero a amarela. Não é hora de escolher o tipo de ajuda que eu posso receber, eu tenho que me agarrar nessa ajuda de AA / NA.
Esse tipo de procedimento, essa decisão juntamente com a ação traz de volta o direito de eu pensar o que é bom para mim e o que não é bom para mim; o que eu tenho condições de fazer agora e o que eu não tenho condições de fazer agora. Esse processo nós temos que começar a cultivar, nós temos que começar de alguma forma já colocar em pratica.
Esse terceiro passo é o passo da estruturação, é o passo que eu preciso pensar aquilo que eu tenho para decidir, eu não posso decidir pelo impulso, eu não posso decidir pelo simples fato da birra; eu quero fazer e fim de papo; não saber nem porque quer fazer; é próprio de um comportamento infantilizado que muitas vezes o familiar tem e o dependente também tem; fazer birra chega ao ponto muitas vezes dessa birra se refletir dentro de salas de mútua ajuda: - onde já se viu o fulano ir com a camisa do São Paulo na reunião, se apegando a coisinhas tão pequenas somente para não se focalizar dentro da sua própria recuperação. É uma maneira delas se olharem no espelho de costas, ela quer se enxergar no espelho, mas vira as costas para o espelho, porque dentro da sala, dentro de um grupo de mútua ajuda é necessário que eu passe a olhar para as pessoas para que as pessoas percebam como é que eu estou me sentindo e eu possa também perceber de que forma que eu possa estar ajudando estas pessoas, para que isso também possa - essa decisão e ação possam ser cultivadas com mais facilidade eu preciso de um...
Quarto passo:
Honestidade. Nessa honestidade nós temos que incluir aqui uma reavaliação de vida. Como está a minha vida hoje?
Alguns já conhecem a famosa pizza em pedaços: o lado emocional, o lado de relacionamentos que é o lado espiritual dentro dos grupos anônimos, o lado familiar, o lado social e lazer, o lado físico e financeiro e o lado profissional ou escolar. Vejamos agora o quadro de alguém que está em equilíbrio: ele da atenção a todas as áreas da vida dele de forma proporcional, um pouquinho para cada divisão, é o quadro do ser perfeito, a pessoa perfeita faz isso. Mas como nós não somos perfeitos então qual é o nosso quadro? O lado emocional toma conta de 3/4 em detrimento da área profissional, familiar, social, lazer, física, financeira e a área do relacionamento.
Vocês querem um exemplo de até aonde vai o nosso desequilíbrio emocional? É só notar quem tem cachorro pequeno em casa. Se o familiar estiver a ponto de estourar o cachorro fica quietinho, não dá um latido. Se o dependente chega a sua casa alcoolizado ou drogado, o cachorro é o primeiro a subir em cima da cama da dona ou sair de perto dele. Só nós próprios não percebemos isso.
Então o lado emocional está em detrimento das outras áreas. Qual seria a proposta ideal? Que dentro de grupos nós procurássemos abrir esse leque para chegar próximo a aquele quadro ao quadro anterior da proporcionalidade.
Quando a pessoa não quer uma recuperação, apenas quer aparecer ou fazer de um grupo ou de uma terapia um fato social: "estou em terapia", "estou participando de A.A. / N.A., NARANON / ALANON"; só colocando uma etiqueta no peito e dizendo isso, o que vai acontecer com ele? Recuperação não existe, mais vai existir a criação de uma outra área na vida dele: um vazio. Esse vazio é um vazio existencial, é um vazio que causa desmotivação, é um vazio que provoca um estado depressivo, ele não tem ânimo para nada, fica agressivo, comportamentos idênticos a aquele que está usando - inclusive o familiar. O familiar muitas vezes tem comportamentos mesquinhos (próprios de quem usa drogas): gritar fora de hora, brigar no supermercado, xingar no trânsito, esquecer o que ia fazer..., igualzinho a quem faz uso de álcool/droga, não tem diferença nenhuma.
Por quê? Porque o familiar está se drogando com comportamentos, o familiar adora muitas vezes cutucar a onça com vara curta, criando certos tipos de provocação que é justamente para ela poder ficar / sentir-se um pouquinho acima do dependente, se achar um pouquinho acima: se eu puxar o tapete dele eu subo um degrauzinho. Isso é se drogar com emoções: brigar no supermercado, chutar o cachorro, xingar no trânsito, não saber esperar a fila de restaurante / banco. Estas coisas nós vamos perceber que estão dentro desse vazio. Quando falo desse vazio eu falo do nosso lado de desonestidade para conosco mesmos é que está funcionando.
Então o quarto passo é um inventário moral, é você colocar tudo aquilo que você tem no passado para você se rever. Só que eu não sou só um amontoado de coisas negativas, eu tenho o meu positivo, para isso eu preciso também olhar nesse inventário, para que eu possa dar continuidade a aquilo de positivo que eu tenho..., aprimorar o que tenho de positivo, criar alças resistentes para que eu possa estar carregando um passado, do qual eu me jubile / orgulhe.
Porque um passado de drogadição, um passado de interferência na vida do outro não é um passado de júbilo, é um passado de orgulho o qual muitos estão se orgulhando para poderem continuar o quadro da autopiedade.
Para eu reconhecer todo esse processo, para que eu possa ter condições de estar me avaliando dentro desse processo de inventário, dessa história da minha vida eu preciso de um passo que é de humildade.
O quinto passo diz:
Admitimos perante Deus e a outro ser humano a natureza exata de nossas falhas.
Será que eu em recuperação estou sabendo dizer: desculpe-me eu errei. Será que eu em recuperação estou dizendo: eu prejudiquei a alguém, você me desculpe eu te prejudiquei. Ou eu continuo ainda com o nariz empinado para não olhar para os meus pés todos sujos ainda por onde eu ando. Por que velhos caminhos levam a velhos lugares, velhas idéias levam a velhos comportamentos. Se eu ainda continuo tendo comportamentos de ativa, eu continuo andando pelos mesmos lugares.
Isso também serve para o familiar. Se eu estou tendo o comportamento dele como usuário ativo, eu não estou me olhando no espelho, não estou conseguindo me enxergar, não estou conseguindo me ver em recuperação. Por que fica muito difícil para o familiar também, não só para o dependente, aí muito mais para o familiar, é o familiar acreditar que está tendo sucesso na vida. Em função dos anos que passou/viveu com o seu dependente ativo, hoje o familiar não acredita que está vivendo um momento de tranqüilidade, o familiar duvida. Isso o que é? É falta de humildade em reconhecer aquilo que de bom está acontecendo na própria vida. Falta de humildade em reconhecer junto aos outros, o que de negativo eu também já fiz, e se eu não tenho humildade suficiente para isso eu não posso conseguir identificar as mudanças que eu tive na minha vida. Como é que eu posso identificar a mudança se eu não tenho contato comigo?
Então esse muitas vezes é o papel que faz o familiar. É muito mais fácil enxergar o outro, os defeitos do outro do que de si próprio. E daí o familiar se torna agressivo, antipático, inadequado, e quando vai encostar a cabeça no travesseiro ele diz: puxa vida... ... ..., outra vez eu briguei. É lógico! O familiar não está se olhando.
A mesma coisa acontece com o dependente. O dependente muitas vezes com a intenção de agradar a alguém faz um inventário que é uma verdadeira historinha. Vai contar historinha para outro e esse outro ainda concorda: _ parabéns seu inventário está muito bom. Só que a verdade sobre a vida dele não foi relatada. A mesma coisa acontece com o familiar. Se alguém entra na casa de um familiar e tira um toca-fitas..., ele roubou. Mas como foi o meu filho, não... Ele pegou para trocar com droga. Que diferença faz? Eu fiquei sem o aparelho da mesma forma. É um roubo / furto que houve. Mas o familiar consegue enxergar isso?
A mesma coisa acontece com dependente que não quer entrar em recuperação: é não reconhecer que prejudicou as pessoas, e de que forma prejudicou estas pessoas. É necessário que façamos um balanço de nossas vidas e tenhamos suficiente humildade em reconhecer as pessoas que prejudicamos. Isso inicialmente, em primeiro momento é difícil, por isso precisamos de assertividade.
Sexto e sétimo passos
A assertividade de acertar de corrigir, de fazer o melhor.
Se você olhar no dicionário verá que a assertividade é: a arte de agir com acerto. Até parece que fizeram essa definição para o dependente e para o familiar, porque acertar numa situação dessas é difícil.
Quando o sexto e sétimo passos falam em defeitos de caráter e imperfeições nós temos que definir claramente o que é defeito de caráter e o que é imperfeição. Podemos definir que: segundo a oração da serenidade usada nos grupos a palavra coragem só aparece para modificar aquelas coisas que eu posso... Modificar as coisas minhas..., eu não posso modificar outra pessoa e, sabedoria para distinguir umas das outras, ou perceber a diferença. Que diferença eu preciso perceber? Aquilo que eu fiz e que foi movido pelo meu caráter e aquilo que eu fiz e que foi movido pela minha doença.
Então o sexto passo fala sobre as imperfeições, o sétimo passo fala sobre os defeitos de caráter.
Se na época da ativa eu roubava e hoje eu continuo roubando, o fato de eu roubar faz parte do meu caráter. Se antes eu roubava e hoje eu não roubo mais, então faz parte da minha doença. Se antes eu mentia e hoje eu não minto mais, então a mentira faz parte da doença, não faz parte do meu caráter. Mas se hoje continuo mentindo, a mentira faz parte do meu caráter.
A mesma coisa se aplica ao familiar. Se na época da ativa dele eu gritava a toa até com os vizinhos, com o papagaio, ou com quer que seja..., seu eu continuo gritando hoje e não estou em recuperação, então faz parte...? Não tenho mais motivos para estar gritando, então faz parte do meu caráter.
Essa assertividade..., nós temos que deixar de sermos passivos ou agressivos. O assertivo ataca o problema. Ele não ataca a pessoa. E o que normalmente o familiar / DQ faz é atacar a pessoa e deixar o problema de lado.
A recuperação dentro dos passos, ela exige dos dois lados, um trabalho efetivo, eu não posso trabalhar meus defeitos de caráter sem que eu me conheça, sem que eu me compare há algum tempo atrás, sem usar meu passado, mesmo que esse passado seja recente, mas que tenho que usá-lo. Porque eu não posso adivinhar um defeito de caráter que vou adquirir ou atuar amanhã. Eu não posso adivinhar uma imperfeição que eu possa criar amanhã. Para eu identificar isso eu tenho que me relacionar com o meu passado, (e o meu passado por ele ter um fato de preconceito, existe preconceito contra o usuário de drogas, existe preconceito para usuário de álcool, para com o familiar, a sociedade não aceita). Então fica difícil eu ter contato com esse passado, embora ele seja real, mas fica difícil para mim, porque para eu poder entrar em contato com esse passado em primeiro lugar eu preciso aceitar esse passado, ou admitir esse passado, que ele fez parte da minha vida.
Eu preciso realmente buscar dentro dessa assertividade um aprimoramento do meu eu. Nessa assertividade entra uma coisa que é tão linda, tão bonita de se falar, não é? Não existe recuperação sem qualidade de vida! Onde entra a qualidade de vida? Ela entra nesses dois passos, é o início da recuperação com qualidade, porque parado de usar já estava, o que preciso é voltar um pouquinho no tempo e começar a se avaliar com qualidade, mesclando essa qualidade de vida no nosso dia-a-dia para que possa realmente desenvolver alguma coisa a mais na minha vida se não eu vou ficar parado.
Se na época em que eu estava usando álcool / droga ou tinha o familiar na ativa, e eu parei, eu travei, e eu posso voltar a travar dentro desse processo de recuperação, onde não admito o meu passado, não consigo me ver nesse passado que eu vivi..., não consigo me ver como um personagem de um filme, que montei no meu passado.
Oitavo e nono passos
Dentro de uma sala de N.A. / A.A. alguém descobriu uma coisa que Deus não pode fazer, é coisa de adicto, mas é verdade: Mudar o nosso passado. Será que eu posso trabalhar em cima disso agora? Esse passado não vai ser mudado, ele vai continuar existindo. As pessoas vão continuar cobrando uma coisa que eu não fiz no passado, que eu vou ter que ouvir agora: porque eu não fiz.
A manifestação da doença é sempre ativa, uma doença progressiva pode-se deter o uso, mas a doença não se detém, ela continua. Não existe um passe de mágica..., que diz assim: olha você hoje está curado, você não precisa mais vir aqui, pode ir embora. Não existe isso! O que existe dentro desse processo é justamente a aceitação que é o primeiro passo: Admiti que perdi o domínio sobre minha vida, aceitar o meu passado, para isso eu preciso em continuar essa recuperação, eu preciso-me auto-afirmar.
Auto-afirmação. Dentro dessa auto-afirmação muitos de nós se mantiveram no uso... ... : eu sou adicto mesmo, eu sou alcoólatra mesmo, tenho que beber se não eu morro, eu vou morrer mesmo então eu vou continuar usando. É uma forma de auto-afirmação. Falsa, mas é. Porque que agora eu não posso voltar essa auto-afirmação para algo positivo? Eu posso! Começar a me identificar com coisas positivas que aconteceram na minha vida, e estar lapidando isso, estar melhorando isso! Melhorar o meu relacionamento comigo, começar a me olhar no espelho, chegar à frente do espelho e dizer: eu te amo! Eu te adoro! Ah, vão chamar-me de louco..., mas já não chamaram tantas vezes! Porque agora que estou amando-me, estou mexendo com a minha auto-estima, eu vou ficar preocupado.
Eu tenho que realmente buscar alguma coisa que está dentro de mim, à recuperação inicialmente está dentro de mim, o que eu posso estar conseguindo e melhorar este relacionamento que eu tenho comigo através do exemplo das pessoas, e usar uma outra frase que eu ouvi dentro de N.A.: o inteligente aprende com o exemplo dos outros. Por que nós temos que aprender só com o nosso próprio exemplo, dar nossas próprias cabeçadas? Por quê? Será que nós paramos no tempo e no espaço? Não!
Essa nossa afirmação vem de encontro ao reconhecimento das pessoas a quem nós prejudicamos. Ter claro para nós o nome das pessoas e o que nós fizemos a elas. Essa é uma parte dos passos difícil de estar se fazendo porque o filme do passado tem que voltar a ser assistido, nós temos que voltar o nosso filminho aqui e lembrar uma agressão que eu provoquei na minha família, uma perda que eu provoquei. É difícil para nós? É. Mas como é que eu posso saber se uma roupa está totalmente limpa? É verificando parte por parte dessa peça, para ver se não tem sujeira. A mesma coisa dentro de nós. Não adianta estar limpo de drogas/álcool se eu não estou limpo no meu interior no meu procedimento, no meu comportamento. Continuo naquela história: Faça o que eu mando, mais não faça o que eu faço: chutando cachorro, mordendo corrente, julgando as pessoas, criticando companheiros, se colocando no lugar de irmão mais velho de Deus, se negando muitas vezes a proporcionar uma ajuda as pessoas. Na época da ativa nunca o dependente se preocupou em si próprio, consigo mesmo, alguém pedia ajuda estávamos sempre prontos para ajudar... A solidariedade era imensa... Porque que agora em recuperação eu não também usar essa imensidão de solidariedade!
A mesma coisa acontece com o familiar. O familiar, para entrar na sala de NARANON /ALANON, ele primeiro olha de um lado, olha do outro, ninguém me viu..., vou entrar! Entra e fecha a porta. Com vergonha de receber ajuda, vergonha de oferecer ajuda. Acho importante nós voltamos um pouquinho e resgatarmos nossa identidade. Quem realmente sou eu? Sou mãe de um adicto? Sou esposa de alcoólatra? Sou um alcoólatra? Sou um adicto? Sou filho de um adicto / de um alcoólatra? Quem realmente sou eu? Eu só vou saber lidar comigo se eu souber quem sou eu. Caso contrário eu não vou ter sucesso nessa nova empreitada, se eu continuar fugindo de mim, eu vou ser tão solitário que até minha sombra vai ficar escondida de mim, até a sombra vai se mandar de mim. Se eu começo escolher o tipo de ajuda que eu tenho para receber eu vou ficar sozinho novamente, vou partir para o isolamento, vou partir para a onipotência, vou viver o papel de juiz e deixar de lado esses papéis que eu vivi até hoje - seja dependente ou seja familiar - papel de repressor, papel de delegado / juiz, papel de enfermeiro, papel de babá. Eu preciso começar a viver o meu próprio papel! Que papel eu estou vivendo na minha família? Se hoje eu tivesse que montar a minha família como ela seria? De que forma que eu posso hoje estar percebendo o meu papel dentro da família?
O Deus que cada um tem que procurar é uma obrigação de cada um. Nós temos que encontrar um Deus. Não adianta querer cair fora... ... Nós temos que encontrar. Porque se eu tenho um problema hidráulico em casa, eu não vou chamar o advogado - vou chamar o encanador e vou dizer: olha estou entregando o problema para você. Se eu tenho um problema de construção eu vou entregar para a construtora e dizer olha está aqui entregue o problema da construção. Cada um tem o seu papel dentro da sociedade, agora se eu entrego a minha vida a um poder superior como descrito no terceiro passo, o que acontece? Eu estou deixando de viver o papel de Deus, isso inicialmente na teoria, porque muitas pessoas dizem: Eu entreguei para Deus. Mas chega um momento em que falam: Deus devolve-me aqui que eu vou fazer minhas palhaçadas novamente e depois eu te devolvo.
Que papel que eu estou vivendo na minha família. Dentro desse processo da auto-afirmação entra o lado da escola, da aprendizagem. Alguns dizem: Ah, eu não tenho mais idade para isso. Mentira. O que eu não quero é sair fora de um comodismo, que muitas vezes a abstinência do meu ente querido trouxe. Se ele está em abstinência eu estou no céu. É a co-dependência: se ele está bem eu estou bem, mas se ele está mau eu estou mau. Esse processo, nós temos que começar a identificar. Hoje que tipo de vida eu estou tendo?
Os últimos passos
Para isso eu preciso desses últimos três passos. Que são os passos dez, onze e doze, e são passos de manutenção.
Fazendo um levantamento dos 12 passos, temos os passos um, dois, três e quatro, esses quatro passos são só para mim... ... , eu não tenho mais ninguém, sou eu que tenho que decidir por eles. Temos o cinco, seis, sete, oito e nove, esses cincos passos é eu, com o meu passado.E temos os dez, onze e doze, os três últimos passos que sou o eu atual, aí tem um retrato do que eu sou hoje.
Será que estou tendo um contato diariamente comigo para saber como é que foi o meu dia, com honestidade? Será que realmente estou entrando em contato com esse meu Poder Superior ou estou vivendo o papel desse Poder Superior que eu tenho, ou estou anulando esse Deus na minha vida? Esse poder superior pode muitas vezes ser seu psicólogo, ser seu psiquiatra, ser seu grupo de N.A. / A.A. etc... Não é aquele velhinho de barba, aquela imagem que cada um tem..., aquela imagem tradicional. O poder superior pode ser o grupo, pode ser um profissional, alguém que possa oferecer ajuda na hora em que eu preciso.
Dentro desse processo dos três últimos passos, esse inventário diário, essa revisão diária é aquilo que a igreja católica, a algum tempo atrás chama de exame de consciência. O décimo primeiro passo é o contato consciente com Deus, é você se reavaliar como uma pessoa que pode errar..., que tem o direito de errar, mas tem por obrigação de assumir responsabilidade pelas conseqüências dos seus erros, que é uma coisa que muitas vezes a gente não assume.
E o décimo segundo passo, o último passo que é levar a mensagem a aquele que ainda sofre. Muitas vezes eu vejo pessoas dentro de um caramujo que só saem para darem alfinetadas ou ir à reunião e dizer: eu já fiz a minha parte e fim de papo. E só. Não dá uma palavra que possa transmitir uma mensagem a aquele que está sofrendo. Só que ele se esquece que no momento de sofrimento dele alguém o ajudou..., alguém colocou a mão no seu ombro e disse boa noite..., força..., estamos juntos... Só isso já foi o bastante para que ele fosse ajudado.
Uma outra coisa que eu não posso deixar de falar, é o trabalho dos comitês de serviços dos grupos anônimos, no dia em que muitos chegaram nesses grupos tinha alguém sentado atrás de uma mesa coordenando, alguém já tinha ido ao seu distrito / área / regional prestar contas do trabalho, alguém tinha ido já num hospital / instituição fazer algum tipo de trabalho, de ter ido a uma emissora rádio ou jornal. É necessário que eu assuma algum compromisso com o grupo, porque se não um dia esse grupo fecha, por não ter quem se sente atrás de uma mesa para coordenar uma reunião.
Aí entra uma palavra mágica que muitas vezes foge do nosso coração, chama-se gratidão. É eles não fizeram nada mais que a obrigação. Na hora do sufoco eles tinham a obrigação, passou o sufoco não existe gratidão? Como é fica isso? Manipular pessoas como se manipula objetos e depois se descarta..., se joga fora? Que tipo de vida essa pessoa pode ter? Que tipo / estilo de vida essa pessoa está tendo.
Nós buscamos a nossa recuperação dentro de um processo de ajuda mútua, os grupos simbolizam uma terapia de espelho, se eu não passei por isso alguém já passou, mas aquilo que alguém esta falando vai servir para alguém.
Existem modelos de tratamentos que hoje estão espalhados no Brasil. No encontro de NA de dezembro de 1999 no Rio de Janeiro, mostrou-se o índice de sucesso em torno de 15% daqueles que chegam à sala e ficam por mais de dois anos. Nas salas de AA o índice é de 20%. E o que temos notado é que os métodos de tratamento que usam os 12 passos tem tido um sucesso maior. O índice de recuperação é bem maior do que aquelas metodologias que não adotam os 12 passos na recuperação do dependente e do familiar.

sábado, 29 de março de 2008

Leia o primeiro capítulo de "Folha Explica - A Maconha":

Leia o primeiro capítulo de "Folha Explica - A Maconha":
Dizer "maconha" é espalhar um rastro de discórdia. Há quem afirme que ela destrói o cérebro e conduz ao crime. Há quem, como o escritor Carl Sagan, a considere maravilhosa. Há os que duvidam, os que ignoram, os que pesquisam e chegam a resultados frontalmente antagônicos.
Nos primeiros meses de 2000, cientistas da Califórnia chegaram à conclusão de que maconha dá câncer e cientistas ingleses concluíram que maconha cura câncer.1
Enterrada num velho túmulo chinês, em forma de sementes na tanga dos escravos negros ou de tecido no corpo de uma garota egípcia, a maconha aparece em toda parte, mas ainda assim não há acordo sobre ela. Há quem ache que surgiu há 8 mil anos; a revista espanhola Cañamo 2 garante que foi há 5 mil. Talvez não seja possível definir precisamente quando a maconha entrou na história da humanidade; mas pode-se acreditar que tenha surgido há muitos séculos, embora reconhecendo que em 3 mil anos de imprecisão fumam-se milhões de baseados.
Em 525 d.C., as autoridades resolveram fazer grandes fogueiras públicas da maconha no Cairo. Em 1999, autoridades brasileiras queimaram toneladas de maconha diante das câmeras de TV. Isso dá idéia de como é antiga esta ambivalência diante de uma planta: uns querendo destruí-la, outros querendo cultivá-la. Do ponto de vista da maconha, a humanidade deve parecer muito louca.
Se a Cannabis sativa fosse uma família, teria dois filhos. São irmãos de sangue, com a diferença de que num deles os exames detectam níveis mais altos de THC --o tetraidrocanabinol. O cânhamo, que entra na produção de 20 mil produtos importantes para a humanidade, tem um nível de THC inferior a 3%. A partir daí, entra em cena sua irmã, a maconha, que produz toneladas de bons e maus sonhos, com um teor de THC em torno de 6%. Na maioria dos países, a plantação de cânhamo e de maconha é igualmente proibida, um irmão pagando pelo outro, o cordeiro pelo lobo.
Pensar que é ilegal plantar cânhamo nos Estados Unidos e que a Constituição dos Estados Unidos foi escrita em papel de cânhamo ajuda pelo menos a entender as grandes fogueiras que se fazem periodicamente para destruir a canábis. Já foi assim com os livros, com a diferença de que naquela época se queria matar a cultura e na nossa querem matar uma planta --sem perceber que se trata, também, de uma cultura, e não só de uma espécie vegetal que se possa levar à extinção.
Nem sempre cânhamo e maconha foram proibidos numa mesma época. No princípio do século 20, famílias norte-americanas se dedicavam à cultura do cânhamo; ainda encontramos cortinas de cânhamo no Nordeste brasileiro, e há referência de uma colônia agrícola no Rio do Grande Sul dedicada à sua produção.3
O cânhamo foi pego nessa fábula do lobo e do cordeiro quase no meio do século, a partir da década de 30. Dois fatores econômicos e sociais devem ser levados em conta para essa inflexão histórica. De um lado, a crise econômica; de outro, a presença crescente de imigrantes mexicanos nos EUA, o que ofereceu ao magnata da imprensa William Randolph Hearst a chance de estabelecer uma relação entre os perigos da alteração da consciência e os do excesso de mão-de-obra. Foi ele quem cunhou a palavra marijuana, associando o medo de uma droga ao medo dos imigrantes que cruzavam a fronteira.
Como sugere Jack Herer, no clássico The Emperor Wears No Clothes,4 essa campanha contra a maconha pode ser vista de outro ângulo: o da guerra da indústria química e petrolífera contra o cânhamo. De fato, essa tese se fortalece com o exemplo de Henry Ford, que construiu um carro de fibra de cânhamo e iria movê-lo com combustível tirado da semente do próprio cânhamo. Era compreensível o embaraço que significava a existência de um versátil recurso renovável, quando se preparava a arrancada do petróleo como um produto estratégico para a humanidade.
O avanço da maconha sobre a juventude dos anos 60 teve peso na determinação de mantê-la proibida, mas também de impedir que o cânhamo saísse da marginalidade econômica a que foi relegado. Esse período marca uma espécie de encontro da maconha com a classe média, e observa-se uma mudança pendular naqueles que a atacavam. Antes dos 60, os ataques concentravam-se na influência da maconha entre os pobres e negros, abrindo-se com isso uma linha de pesquisa sobre o elo entre consumo e criminalidade. Uma linha bastante previsível, uma vez que não era difícil encontrar vestígios do consumo de droga entre os pobres, que além disso estavam desempregados e viviam uma atmosfera de desagregação familiar --enfim, um conjunto de variáveis que persiste até hoje, em muitos pontos do planeta.
A ascensão social da maconha implicou numa guinada, pois era descrita como uma droga que impulsiona o crime e agora se tornava um fator de apatia e desmotivação. Grandes dirigentes mundiais, como Bill Clinton (que "não tragou") e Fernando Henrique (que não gostou), confessaram ter experimentado a planta. As atenuantes que apresentam servem para mostrar como se toleram os excessos de uma época, desde que desvencilhados deles para cumprir as funções sociais.
As teses de que a maconha contribui para desmotivar as pessoas foram contestadas por pesquisas. Mais uma vez, observando pessoas num contexto cheio de variáveis complexas, chega-se a conclusões opostas. O Grande Livro da Cannabis, de Rowan Robinson,5 cita um trabalho feito na Jamaica, demonstrando que filhos de mães que fumam maconha têm um desempenho melhor em dez das 14 características definidas na pesquisa, tais como vivacidade, robustez e orientação.
Num livro de defesa da maconha, Marijuana not Guilty as Charged6, David R. Ford cita o caso de um jovem trabalhador que era extremamente produtivo e deixou de sê-lo quando parou de fumar.
Não confiar cegamente em pesquisas vale tanto para as que são contra quanto para as que são a favor. Resta a observação pessoal como um ponto de referência. Os efeitos mais comuns --relaxamento, alteração do humor, redução da agressividade-- nos autorizam a afirmar que a maconha leva a um estado contemplativo. Independentemente da presença de espiritualidade, é uma experiência humana para muitos indispensável.
Há gente, no entanto, que fuma o mesmo baseado diante do mesmo pôr-do-sol e reclama que nada de novo acontece. A maconha em si não é a resposta para isso. Ela tem de ser procurada no cotidiano da pessoa, em como enfrenta seus desafios, como capitula ou avança em suas decisões íntimas.
É compreensível que se tome a maconha como um sujeito com responsabilidade própria, capaz de ser julgado por seus atos ou contra quem devemos fazer uma guerra. A maconha tem mil e uma utilidades. A milésima primeira é, precisamente, servir de bode expiatório para nossas dificuldades de encarar o real.
Essa busca de estabelecer a linha divisória entre a maconha e as pessoas, tentando evitar que uma substitua as outras, tornou-se mais desafiadora a partir de 1992. Nesse ano, o cientista William Davane identificou um neurotransmissor com as características dos canabinóides, produzido pelo cérebro e dotado de efeitos idênticos aos do THC. Rigorosamente, se reduzimos a maconha ao seu efeito psicoativo, como fazem os seus adversários, pode-se afirmar que todos têm um pouco de maconha na cabeça, independentemente de fumarem ou não.7
A escolha do nome do neurotransmissor descoberto por Davane pode nos levar mais longe: anandamite, da palavra em sânscrito ananda, que significa êxtase. Já se pode dizer que existe uma concentração de receptores de canabinóides nas áreas do cérebro dedicadas a certos processos mentais, como memória, cognição e criatividade.
Uma descoberta desse tipo pode ser integrada aos estudos sobre maconha e espiritualidade, uma vez que a relação entre plantas e consciência religiosa é tão profunda que alguns autores radicais afirmam que sem plantas alucinógenas não teria emergido o sentimento místico.
É razoável admitir que os seres humanos tenham escolhido o segredo das plantas como uma das maneiras auxiliares de explorar o mistério divino. Elas vivem enraizadas na terra e se alimentam dos céus. Obras que traçam a história da planta, como o Grande Livro da Cannabis,8 já mencionado, localizam a presença da maconha nas principais religiões antigas, ora utilizada secretamente por sacerdotes que temem sua difusão entre as massas, ora como um instrumento ao alcance de todos os seguidores.
As referências mais antigas da relação entre maconha e religião se encontram na Índia. Na religião hindu, a maconha está associada a Shiva, a mais paradoxal e completa figura de trindade. Shiva teria brigado com a família e estaria vagando nos campos quando, para buscar abrigo do sol, parou sob uma planta de canábis, esmagou suas folhas e comeu. Um documento colonial inglês sobre a maconha na Índia (Relatório da Comissão Indiana Para Drogas do Cânhamo)9 afirma que a crença hindu era de que aquele que bebe bangue (o nome da canábis) bebe Shiva. "A alma em que o espírito do bangue encontra morada desliza para um oceano do Ser, livre do extenuante círculo de matéria em que se cegou."
O mesmo documento, um apêndice do relatório escrito por J.M. Campbell, adverte os colonizadores: "Proibir ou mesmo restringir seriamente o uso de uma erva tão benigna quanto o cânhamo causaria sofrimento e irritação generalizados e, para amplos grupos de ascetas venerandos, uma cólera profundamente arraigada. Seria roubar do povo um consolo no desconforto, uma cura na doença, um guardião cuja compassiva proteção os livra de ataques de influências malignas e cujo grande poder faz do devoto um vitorioso, superando os demônios da fome e da sede, do pânico, do medo, do feitiço de Maia ou da matéria e da loucura, capaz de meditar em paz no Eterno, até que o Eterno, possuindo-o corpo e alma, o liberte da obsessão do eu e o receba no oceano do Ser".
Essas crenças o devoto maometano partilha plenamente. Como seu irmão hindu, o faquir muçulmano reverencia o bangue como aquele que prolonga a vida, que liberta das cadeias do eu. O bangue traz a união com o Espírito Divino. Tomamos bangue, e o mistério "Eu sou Ele" fica claro. "Tão grande resultado, tão minúsculo pecado."
Para quem não se interessa por termos como espírito divino, oceano do Ser, feitiço de Maia e outras expressões da religião oriental, abre-se um outro caminho fascinante: o de comparar Shiva e a canábis e constatar que, às vezes, parecem feitos um para o outro. Wendy Doniger escreveu um longo ensaio mostrando que se tratava de uma divindade ao mesmo tempo erótica e ascética, combinando duas pulsões essenciais e antagônicas no ser humano.10 As inúmeras versões do mito de Shiva servem para confirmar sua imprevisibilidade. Em quase todas as imagens que aparece, está com o pênis ereto. Alguns de seus seguidores vêem nisso um sintoma de pureza, pois a ereção indica que ele não verteu seu sêmen sagrado. Em certos momentos, entretanto, aparece dizendo que busca uma parceira que se entregue à meditação, como um grande mestre, mas que seja amante lasciva na cama do casal.
Essa ambivalência divina parece ter sido transmitida à maconha. Ela é acusada por seus adversários de reduzir a performance sexual e por seus defensores de ser uma erva afrodisíaca. Qualquer cientista sensato trabalharia a hipótese de que a maconha é inócua, logo pode ser considerada ora afrodisíaca, ora redutora, dependendo da vontade do observador.
Há, no entanto, um certo consenso de que a maconha retarda o orgasmo, e nesse ponto ela se mostra digna de sua associação mítica com Shiva. Muitos religiosos que seguem a linha kundalini da ioga, utilizando ou não a canábis, transformam o sexo numa relação ritual e longa, que às vezes dura todo um dia. Alguns pura e simplesmente retardam o orgasmo por horas. Outros negam o orgasmo como objetivo final e o substituem por uma sensação de unidade com o outro. Em ambos os casos, podemos imaginar Shiva com seu pênis ereto e lembrar a ambivalência da cultura hindu, para a qual a ereção simboliza também a castidade.
O objetivo deste livro é apresentar os debates mundiais, conclusivos ou não, sobre a canábis, respondendo às principais perguntas surgidas nas dezenas de encontros realizados para tratar do tema em universidades e escolas secundárias do Brasil. No primeiro capítulo, mostra-se como a maconha inspirou inúmeros mitos, alguns deles em contradição com os dados apresentados pela experiência científica. No segundo, tenta-se apresentar um histórico da visão brasileira sobre a maconha, sua chegada ao país e seu uso entre os setores populares do Nordeste. Num terceiro momento, busca-se situar a discussão política, procurando mostrar o que há de comum e singular na experiência dos grupos que lutam pela reforma da legislação proibitiva da canábis. Finalmente, um esforço mais árduo ainda, o de tentar descrever o efeito psíquico da maconha, através de fragmentos de escritores e registros de cientistas e pesquisadores.
1 "Maconha Pode Combater Câncer no Cérebro". O Globo, 29 fev. 2000.2 Gaspar Fraga, Cañamo Especial 2000 - www.canamo.net* 3* "Escravos Plantavam Maconha no RS em 1788". Zero Hora, 23 jun. 1996.4 Jack Herer, The Emperor Wears No Clothes. San Francisco: Hemp Publishing, 1993.5 Rowan Robinson, O Grande Livro da Cannabis. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.6 David R. Ford, Marijuana not Guilty as Charged. San Francisco: Good Press, 1997; p. 119.7 Robinson, op. cit., p. 47.8 Idem.9 Idem, p. 55.10 Wendy Doniger, Asceticism and Eroticism in the Mythology of Siva. London: Oxford University Press, 1981.